O Banco Central (BC) negou o pedido de transferência de controle do BlueBank (antigo Letsbank) para o empresário Maurício Quadrado, ex-sócio do Banco Master. Com isso, o banco permanece oficialmente como parte do conglomerado Master, que havia comprado a instituição em fevereiro de 2024, conforme mostra a publicação do Valor Econômico.
Esta é a segunda vez que o BC barra uma operação envolvendo Quadrado. Em janeiro deste ano, ele havia anunciado a compra do Banco Digimais (antigo Banco Renner), que pertence a Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus e proprietário da TV Record.
O negócio, porém, não avançou, pois também houve resistência do Banco Central em aprovar a transação.
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Impacto sobre o Master e mudanças societárias
Ainda não está claro qual será o impacto da decisão do BC sobre o conglomerado Master. Quando Quadrado anunciou sua saída do quadro societário do grupo (processo ainda pendente de aprovação pelo Banco Central), sua participação foi comprada por Daniel Vorcaro.
Embora não seja o dono formal do BlueBank, Quadrado é apontado como o “dono de fato” da instituição. Com a negativa do BC para que ele assuma o controle oficial da instituição, o empresário estaria agora em busca de outro comprador.
Outro sócio que também anunciou sua saída do Master foi Augusto Lima. Ele, no entanto, obteve aprovação do BC para a transferência de controle do Banco Voiter, que passou a se chamar Pleno.
Situação financeira do BlueBank e exposição a fundos
Segundo dados do sistema IFData, do Banco Central, o BlueBank possuía em junho R$ 1,87 bilhão em ativos, sendo R$ 1,22 bilhão aplicados em títulos e valores mobiliários.
O balanço de 2024 da instituição mostra que o banco detinha R$ 400,6 milhões em cotas do fundo Texas e R$ 536 milhões em cotas do fundo Arizona.
De acordo com o sistema da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em maio, o fundo Texas possuía R$ 1,12 bilhão em ações da Ambipar, enquanto o fundo Arizona, em julho, detinha R$ 99,1 milhões também em ações da companhia.
Crise na Ambipar e desconfiança do mercado em relação ao Master
A proteção contra credores obtida pela Ambipar, medida judicial que suspende temporariamente a cobrança de dívidas, fez as ações da companhia despencarem, acendendo um alerta entre os investidores.
Analistas e gestores de recursos vêm questionando com frequência se parte do caixa da Ambipar estaria investida em papéis ligados ao grupo Master, devido à proximidade recente entre as instituições.
Essa relação, inclusive, já foi analisada pela CVM no contexto da forte alta nas ações da Ambipar registrada no ano passado, quando fundos ligados ao Master realizaram investimentos relevantes na empresa.
Trajetória de Maurício Quadrado
Maurício Quadrado fez carreira no Bradesco (BBDC4), onde chegou ao cargo de Diretor de Mercado de Capitais. Após deixar o banco, em 2006, fundou a Planner, corretora e gestora de investimentos, onde permaneceu por 15 anos.
Quando deixou a Planner, levou consigo a área de gestão, que deu origem ao Banco Master de Investimento (BMI), criado a partir de sua associação ao grupo Master.
Em 2007, Quadrado foi condenado pela CVM ao pagamento de multa, junto com o Bradesco e o ex-dono da rede de lojas Mappin e Mesbla, em um caso de irregularidade na emissão de debêntures da controladora da varejista.
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Envolvimento recente da Trustee
Quadrado também é controlador da gestora Trustee, que em setembro foi citada na operação Carbono Oculto, megainvestigação da Polícia Federal 9PF), que apura irregularidades em fundos de investimento em um grande esquema de lavagem de dinheiro associado ao crime organizado.
À época, a Trustee afirmou que renunciou à administração dos fundos envolvidos na operação por decisão de sua área de compliance, após ter identificado “desconformidade de atualização cadastral há alguns meses”.