O Banco do Brasil (BBAS3) viu seu lucro líquido ajustado despencar 60,2% no terceiro trimestre, reportando R$ 3,79 bilhões. Mesmo com a forte retração, o lucro superou a projeção dos analistas, de R$ 3,66 bilhões, e permaneceu estável na comparação com o trimestre anterior.
Já o lucro contábil foi de R$ 3,03 bilhões, que corresponde a uma queda de 0,2% em relação ao trimestre anterior e de 66% em 12 meses.
Os ganhos do super banco foram pressionados pelo aumento das provisões para calotes e pelo avanço da inadimplência no agronegócio, setor que representa um terço de sua carteira de crédito.
Com base nesses eventos, o banco reduziu sua projeção de lucro anual, refletindo o impacto do crédito mais arriscado e das novas regras contábeis do setor bancário.
O diretor-financeiro do banco, Geovanne Tobias, afirmou em vídeo que o banco conseguiu entregar um resultado com menor rentabilidade, mas, ainda assim, entregou rentabilidade.
Ele também atribuiu parcialmente o aumento nas provisões para perdas com crédito a “casos específicos, o que não havia sido antecipado”.
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Os resultados vêm pressionado as ações do Banco do Brasil (BBAS3), que acumulam queda de 5,7% no ano, desempenho inferior ao de seus principais concorrentes.
Desde o início de setembro, porém, os papéis subiram 8%, impulsionados pelo anúncio do governo federal de uma nova linha de crédito voltada à renegociação de dívidas de produtores rurais.
Às 10h54 (horário de Brasília) desta quinta-feira (13), os papéis registravam queda de 3,03%, negociados a R$ 22,11 na B3.
Agronegócio pressiona resultados do Banco do Brasil
O agronegócio, que representa cerca de um terço da carteira de crédito do Banco do Brasil, voltou a pesar sobre os resultados do trimestre.
O banco foi impactado por um aumento nas falências do setor, o que elevou a inadimplência e contaminou inclusive a carteira de pessoa física.
As provisões para perdas com crédito cresceram 78% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando R$ 17,9 bilhões no trimestre, com destaque para as carteiras de agronegócio e grandes empresas.
O BB projeta que essas provisões somem entre R$ 59 bilhões e R$ 62 bilhões no acumulado do ano.
Uma mudança nas regras contábeis para os bancos brasileiros também contribuiu para a pressão sobre os resultados. As novas normas exigiram um reforço maior nas provisões de perdas com empréstimos, elevando o impacto no balanço.
Inadimplência segue em alta
O índice de inadimplência acima de 90 dias subiu 1,6 ponto percentual em 12 meses, alcançando 4,93% em setembro, ante 4,21% em junho e 3,33% no mesmo mês de 2024.
No agronegócio, o índice de calotes saltou para 5,34%, ante 3,49% no trimestre anterior e 1,97% há um ano. Entre pessoas físicas, a inadimplência subiu para 6,01%, enquanto nas empresas o indicador chegou a 4,06%.
De acordo com o BB, o aumento na inadimplência rural foi puxado principalmente pela cultura da soja e pelas regiões Centro-Oeste e Sul, além do avanço dos pedidos de recuperação judicial.
No segmento de pessoa física, o banco informou que os calotes foram influenciados pela “sobreposição de operações com produtores rurais” e pela alta da inadimplência em cartões e operações renegociadas. Sem considerar produtores rurais, a inadimplência de PF ficaria em 5,33%.
As despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) cresceram 12,7% em relação ao trimestre anterior, somando R$ 17,9 bilhões.
Margem financeira e tesouraria
A margem financeira bruta do Banco do Brasil atingiu R$ 26,37 bilhões, crescimento de 5,1% em relação ao segundo trimestre e de 1,9% sobre o mesmo período do ano passado.
A margem com o mercado, que inclui as operações de tesouraria e gestão de ativos e passivos, ficou em R$ 1,7 bilhão, o que representa uma queda de 39% no trimestre. O resultado foi afetado por uma redução de R$ 400 milhões no desempenho da subsidiária argentina Patagonia.
Evolução da carteira de crédito do Banco do Brasil
A carteira de crédito ampliada do banco somou R$ 1,27 trilhão em setembro, valor que representa uma redução de 1,2% em relação ao trimestre anterior e aumento de 7,5% em 12 meses.
- Pessoa física: R$ 350 bilhões (+2,3% no trimestre e +7,9% em um ano), impulsionada por crédito consignado, crédito pessoal e cartão
- Empresas: R$ 452 bilhões (-3,2% no trimestre e +10,4% em 12 meses)
- Agronegócio: R$ 398 bilhões (-1,5% no trimestre e +3,2% em um ano)
Rentabilidade e perspectivas
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) caiu 13 pontos percentuais em 12 meses, para 8,4%, permanecendo estável em relação ao trimestre anterior.
Antes da divulgação dos resultados, o mercado já esperava que o terceiro trimestre fosse o ponto mais fraco do ano para o Banco do Brasil.
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BB reduz projeção de lucro, mas mantém pagamento aos acionistas
Após o aumento dos custos com crédito, o Banco do Brasil revisou para baixo suas estimativas de lucro líquido ajustado para 2025.
Agora, o banco espera encerrar o ano com ganhos entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões, abaixo da faixa anterior de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões.
Em teleconferência Geovanne Tobias também afirmou que a instituição pretende manter o payout em 30% em 2026, percentual que indica a parcela do lucro distribuída aos acionistas na forma de dividendos. Ele acrescentou, no entanto, que a realização de dividendos extraordinários não está descartada.
“A gente pode até mesmo falar de pagamento de dividendos extraordinários, mas, por enquanto, a nossa política vai ser essa, 30% de ‘payout’”, afirmou.









