O Banco do Brasil (BBAS3) terminou o terceiro trimestre deste ano com lucro de R$ 3,8 bilhões e viu o agronegócio levar a inadimplência ao maior nível do ciclo e ampliar o custo do crédito, reduzindo sua rentabilidade.
Esse segmento respondeu por 47% da despesa com perda esperada da carteira de crédito interna.
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Segundo análise de Flávio Conde, da Levante Investimentos, a inadimplência acima de 90 dias avançou para 5,34% no período, enquanto o índice era de 3,49% no trimestre anterior e de 0,96% no fim de 2023.
O valor total da inadimplência do setor aumentou de R$ 3,4 bilhões no quarto trimestre de 2023 para R$ 21,3 bilhões no 3º trimestre de 2025.
Conde pontua ainda que o Custo do Crédito, indicador que representa o volume de provisões necessárias para cobrir perdas esperadas, cresceu de R$ 10,1 bilhões no 3º trimestre de 2024 para R$ 17,9 bilhões no 3º trimestre deste ano, retirando R$ 7,8 bilhões do lucro do banco.
Por fim, a provisão para Inadimplência (PCLD), de acordo com a análise, aumentou para R$ 32,8 bilhões no 3º trimestre de 2025, ante R$ 11,3 bilhões registrados no mesmo intervalo de 2024.
Na linha de custeio agropecuário, que representa 55% da carteira do setor, a inadimplência subiu de 2,2% para 6,3%.
Apesar da deterioração, a cobertura da carteira agro para dívidas acima de 90 dias está em 170%, indicando que o banco mantém volume de provisões superior ao saldo inadimplente, aponta o analista.
Recuperação do lucro do Banco do Brasil em 2026
As estimativas apontam que o lucro líquido ajustado deve avançar 21% em 2026, após queda em 2025 decorrente do aumento de 69% no custo do crédito projetado para o ano.
Projeções consolidadas:
| Indicador | 2025 (projeção) | 2026 (projeção) | Variação |
|---|---|---|---|
| Lucro líquido ajustado (R$ bi) | 20,1 | 24,3 | +21% |
| ROE | 11,3% | 12,9% | +14% |
| Custo do crédito (R$ bi) | -60,5 | -57,5 | -5% |
Com a cotação da Levante de R$ 21,97 por ação (25/11), o banco negocia a:
- P/L projetado para 2025: 6,3x
- P/L projetado para 2026: 5,2x
- Média histórica: 6,7x
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Valuation indica potencial de valorização do Banco do Brasil em 2026
O preço justo estimado pela Levante para dezembro de 2026, usando o múltiplo P/L histórico de 6,7 vezes, foi calculado em R$ 29. Em projeção alternativa, o valor estimado é de R$ 27.
Com isso, a valorização potencial é de 32% no cenário-base e de 23% no cenário alternativo.
Já o preço-alvo médio do mercado é de R$ 25,80, o que sugere potencial de valorização de 18%, enquanto as recomendações de analistas estão divididas: 3 de compra, 9 de manutenção e 1 de venda.
Dividendos do Banco do Brasil seguem no radar do investidor
Segundo análise de Conde, o Banco do Brasil deve manter a distribuição de proventos, embora com payout menor que o dos últimos anos. A média projetada para 2025-2026 é de 30%, abaixo dos 34% de 2024 e dos 42% de 2023.
Projeções são de dividendos de R$ 1,27 por ação em 2026, com dividend yield estimado em 5,8%.
Somando o rendimento com proventos e o potencial de valorização, o retorno total projetado até dezembro de 2026 é de 37,8%.
Juros altos e queda da soja ampliam risco no crédito rural
A piora no crédito rural está associada a dois fatores de pressão:
- Selic elevada, que chegou a 15% no 3º trimestre deste ano, contra 11,75% no quarto trimestre de 2023.
- Queda do preço da soja, que recuou de R$ 146 por saca para R$ 138 no mesmo período.
Essas condições reduziram a capacidade de pagamento de produtores e elevaram a necessidade de provisões do banco.
MP 1314/2025 pode aliviar pressão no agro
A recuperação do crédito rural, segundo Conde, pode depender de fatores como a aplicação da MP 1314/2025, assinada em 5 de setembro, que estabelece um programa de renegociação de dívidas rurais para produtores vinculados ao Pronaf, Pronamp e demais produtores.
A medida prevê:
- R$ 12 bilhões em recursos do Tesouro, além da entrada de aproximadamente R$ 20 bilhões em recursos próprios dos bancos, estimulados por incentivos tributários
- até nove anos para quitação das dívidas, com carência de um ano
- taxas de juros inferiores às de mercado: cerca de 6% ao ano para pequenos produtores, 8% para médios e 10% para os demais
A renegociação é voltada a produtores e cooperativas com perdas mínimas de 30% em duas ou mais safras entre julho de 2020 e junho de 2025.
Os limites de crédito vão de R$ 250 mil no Pronaf, até R$ 1,5 milhão no Pronamp e R$ 3 milhões para os demais produtores.
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Levante recomenda manter ou comprar BBAS3
De acordo com a análise, o principal risco para as projeções é que o agronegócio demore mais que o previsto para reduzir a inadimplência e normalizar o nível de provisões em 2026.
O relatório da Levante destaca que, mesmo com risco governamental elevado, a recomendação é “manter ou comprar BBAS3 com peso de 5% na carteira, pelo potencial valorização de 32% até dezembro de 2026, mais um dividend yield de 5,8% (dividendos + JCP), totalizando um retorno total de 37,8% no período”.









