Três gigantes da Bolsa brasileira resolveram se posicionar defesa dos alimentos industrializados. JBS (por meio de sua subsidiária Seara), BRF e Ambev são três dos integrantes da ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), entidade que iniciou uma estratégia de marketing contra o que chamam de “cancelamento” dos industrializados.
Em um site batizado de “Tem comida, tem verdade”, a associação divulga textos afirmando ser “fake” que alimentos industrializados engordam, viciam ou não são tão nutritivos quanto os caseiros.
No site foi publicado, por exemplo, um artigo assinado por Márcia Terra, intitulado “Não existe alimento certo e alimento errado”, combatendo a diferenciação entre alimentos industrializados ou não. “Há grupos de interesse que querem ‘cancelar’ alguns produtos com aplicação de sobretaxa”, reclama a autora.

A campanha indica medo de que os rótulos com alertas sobre produtos não saudáveis façam seus consumidores pararem de comprar seus produtos com alto teor de sódio, açúcar e gorduras.
Além do medo de perder o volume de vendas, a regulação da Reforma Tributária também traz um novo risco para o bolso das gigantes, ao atrelar alimentos industrializados a uma dieta pouco saudável.
Regulação da Reforma Tributária
A Abia demonstra preocupação com os projetos de lei que irão regulamentar a Reforma Tributária, já que existe a possibilidade de aumentar a taxação para alimentos industrializados ou considerados menos saudáveis.
Vale lembrar que, desde a última quarta-feira (6), a cesta básica deverá ser composta por alimentos in natura ou minimamente processados, segundo o decreto publicado pela Presidência da República.
“Defendemos que nenhum alimento pague mais impostos no Brasil”, rebate a Abia.
Alimentação saudável e novas etiquetas são risco para os negócios
Nos relatórios de risco das três empresas que fazem parte da Abia e negociam suas ações na Bolsa, JBS, BRF e Ambev, há um consenso: a mudança no padrão de alimentação das pessoas seria um problema.
Na prática, as novas etiquetas que hoje estampam rótulos de alimentos com alertas sobre excessos de sódio, açúcar e gordura, são um empecilho para emplacar novos produtos.
A BRF exemplifica: “As tendências para priorizar a saúde e o bem-estar representam um desafio para o desenvolvimento e a comercialização de novas linhas de produtos”.
O volume de vendas de alimentos processados na América Latina, diz a companhia, “foi afetado adversamente e o mesmo pode ocorrer no mercado brasileiro”, após a implementação de rótulos que tornaram as informações nutricionais mais visíveis.
Segundo a JBS, percepções negativas sobre as implicações para a saúde de certos produtos ou ingredientes alimentares “podem influenciar as preferências do consumidor e a aceitação de alguns dos produtos e programas de marketing da Companhia”.
A Ambev afirma que o risco reside na mudança do padrão de consumos dos seus clientes. “A publicidade negativa a respeito do consumo de álcool ou refrigerantes ou as mudanças na percepção dos consumidores em relação ao álcool ou refrigerantes de modo geral podem afetar adversamente a venda e o consumo dos produtos da Companhia”, publicou.
Análise do mercado: recomendação de compra e preço-alvo
As principais instituições financeiras do mercado têm recomendação de compra ou neutra para as ações da BRF, JBS e Ambev. Veja as recomendações e preços-alvo:
BRF
- XP Investimentos: Compra | R$ 15,70
- Genial Investimentos: Manter | R$ 14
- Safra: Compra | R$ 11
- BTG Pactual: Neutro | R$ 13
JBS
- XP Investimentos: Compra | R$ 40
- Genial Investimentos: Compra | R$ 30
- Safra: Compra | R$ 31
- BTG Pactual: Compra | R$ 35
Ambev
- XP Investimentos: Compra | R$ 17,15
- Genial Investimentos: Manter | R$ 15
- Safra: Compra | R$ 18
- BTG Pactual: Neutro | R$ 15