O Banco do Povo da China (PBoC) decidiu manter, nesta segunda-feira (20), as taxas de juros do país. A taxa de empréstimo primário de um ano permaneceu em 3,1%, enquanto a de cinco anos ficou em 3,6% — usadas para empréstimos de curto prazo e financiamentos imobiliários, respectivamente.
A decisão já era amplamente esperada pelo mercado e visa equilibrar o estímulo à economia sem aumentar riscos financeiros. Agora, analistas acreditam que o governo chinês esteja aguardando um momento mais oportuno para novos estímulos.
Essa é a terceira vez consecutiva que o banco chinês mantém as taxas inalteradas, após uma flexibilização monetária em outubro de 2024.
Diante das incertezas econômicas globais e da manutenção, as bolsas asiáticas fecharam em queda. O índice Nikkei 225, de Tóquio, recuou 1,24%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, caiu 1,60% e o índice Xangai Composto, da China continental, teve leve retração de 0,02%.
Possíveis impactos para o mercado
A decisão do banco ocorre em meio a promessas de intensificação do suporte monetário para a economia chinesa.
Com o crescimento desacelerado e a crise imobiliária persistente, economistas ainda esperam cortes nos juros ao longo de 2025, além de possíveis reduções nas reservas obrigatórias dos bancos para estimular o crédito.
Para investidores globais, a manutenção das taxas sugere que o PBoC esteja aguardando mais sinais antes de novos estímulos, podendo impactar mercados emergentes, commodities e o câmbio, especialmente o yuan.
Além da manutenção da LPR, o Banco Central chinês prometeu intensificar o apoio financeiro ao setor privado, facilitando canais de financiamento para empresas por meio de ações, títulos e empréstimos. O objetivo é impulsionar o desenvolvimento da economia privada, setor considerado fundamental para a recuperação econômica do país.
Geopolítica e juros nos EUA também influenciam
Além do cenário interno, fatores externos pesaram na decisão do PBoC. A incerteza em relação à conduta do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e a volatilidade do yuan podem ter influenciado a postura mais cautelosa do Banco Central chinês.
Nos Estados Unidos, a ata do Federal Reserve (Fed) indicou que os juros podem permanecer elevados por mais tempo, o que reforça a necessidade de equilíbrio na política monetária chinesa para evitar desvalorização excessiva da moeda e fuga de capitais.
Outro fator de preocupação é a escalada das tensões comerciais entre os EUA e a China. Trump anunciou uma tarifa adicional de 10% sobre as importações chinesas, o que pode gerar retaliações de Pequim e aumentar a volatilidade nos mercados globais. Ainda, pesam sobre as políticas monetárias as sucessivas sanções de Trump às importações de parceiros comerciais.
Próximos passos da política monetária da China
Na semana passada, o PBoC afirmou que ajustará sua política monetária “no momento apropriado” para apoiar a economia diante de desafios externos. A expectativa do mercado segue voltada para possíveis novos cortes de juros ao longo do ano.