O superávit comercial da China alcançou US$ 170,51 bilhões em fevereiro, já mostrando os primeiros impactos das tarifas impostas por Donald Trump, apesar de ficar acima das previsões do mercado, que indicavam um saldo positivo de US$ 143,1 bilhões para o período.
Analisando isoladamente, as exportações chinesas cresceram 2,3% em fevereiro, em comparação com o mesmo período do ano anterior, abaixo das projeções de alta de 5%. Por outro lado, as importações registraram uma queda inesperada de 8,4%, contrariando a previsão de crescimento de 1%.
Os dados divulgados pela Administração Geral de Alfândegas da China nesta sexta-feira (7) combinam números de janeiro e fevereiro, para minimizar o recesso do feriado do Ano Novo Lunar.
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Analistas apontam que a desaceleração nas exportações foi influenciada pelo adiantamento de embarques devido às tarifas dos Estados Unidos. Analistas projetam que novas tarifas possam reduzir ainda mais as remessas chinesas para os EUA nos próximos meses.
Tarifas de Trump impactam exportações da China
A balança comercial da China foi fortemente impactada pelas tarifas de Trump, aplicadas em duas rodadas de impostos adicionais de 10% sobre exportações chinesas estimadas em mais de US$ 500 bilhões, sob o argumento de que Pequim não teve iniciativas para conter o fluxo de fentanil para os EUA.
Prevendo esse impacto, a China ainda adiantou parte das exportações no ano passado, quando registrou um superávit recorde de quase US$ 1 trilhão. No entanto, parte desse movimento foi restringido pelo feriado do Ano Novo Lunar.
Impacto da guerra comercial sobre as importações
Os impactos das tarifas também refletem sobre as importações chinesas. As empresas estatais reduziram suas compras em 20,6%, enquanto empresas privadas apresentaram um aumento de 2,7%.
O recuo nas importações sinaliza um esfriamento da demanda interna, afetando commodities como petróleo bruto, minério de ferro e cobre.
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Brasil pode se beneficiar com guerra comercial
A queda nas importações pode impactar exportadores brasileiros, visto que a China é o principal parceiro comercial do país.
Por outro lado, a tarifa adicional de 15% imposta pela China a produtos norte-americanos como carne de frango, trigo, milho e algodão podem beneficiar setores do agronegócio brasileiro. A China também retribuiu com taxa extra de 10% sobre soja, sorgo, carne suína e carne bovina, entre outros produtos agropecuários norte-americanos, a partir de 10 de março.
Com a retaliação chinesa aos EUA, a demanda por produtos brasileiros deve aumentar, sendo o Brasil o maior exportador global de soja, algodão e carnes. Além disso, a China responde por grande parte das exportações e atualmente o envio de soja para a China equivale a 70% do total.
Proporcionalmente, com os preços nos mercados de referência para grãos pressionados, as cotações desses produtos no Brasil também devem aumentar.