O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, principal métrica de inflação monitorada pelo Federal Reserve (Fed), subiu 0,1% em maio, repetindo a variação de abril, segundo dados do Departamento de Comércio divulgados nesta sexta-feira (27).
O resultado veio em linha com as expectativas do mercado, que projetavam alta mensal de 0,1% e avanço de 2,3% na comparação anual.
Em 12 meses, o PCE acumula alta de 2,3%, acima dos 2,2% registrados em abril e ainda acima da meta de 2% do Fed.
- Não decida no impulso, use estratégia. Aprenda uma metodologia para tomar decisões — de investimento (ou não) — sem ceder à pressão. Ebook gratuito.
Núcleo do PCE pressiona política monetária
O núcleo do PCE, que desconsidera os preços mais voláteis de alimentos e energia, avançou 0,2% em maio, acima da alta de 0,1% registrada em abril e da estimativa de 0,1% para o mês.
Na comparação anual, o núcleo subiu 2,7%, superando os 2,6% esperados pelos analistas e também os 2,6% do mês anterior.
Por ser o principal termômetro da inflação usado pelo Fed, os dados reforçam a percepção de que a autoridade monetária precisará de mais tempo antes de iniciar cortes na taxa básica de juros.
Segundo o presidente do Fed, Jerome Powell, as políticas tarifárias adotadas pelos Estados Unidos devem gerar mais pressão inflacionária nos próximos meses, o que reforça o tom cauteloso do Banco Central.
Renda e consumo surpreendem negativamente
A renda pessoal dos americanos caiu 0,4% em maio, contrariando a expectativa de alta de 0,3% e marcando forte desaceleração em relação à alta de 0,7% observada em abril.
Já os gastos com consumo recuaram 0,1% no mês, ou US$ 29,3 bilhões, frustrando as projeções de crescimento de 0,1%.
Esse recuo nos gastos ocorreu após um período de compras antecipadas de bens, como veículos, diante da iminência de tarifas comerciais. Em abril, os gastos aumentaram em 0,2%.
O Departamento de Comércio destacou que a queda nos gastos reflete a perda de fôlego desse consumo antecipado, impulsionado pela expectativa de aumento de preços. Economistas alertam que esse comportamento tem distorcido os dados econômicos recentes.
Efeitos das tarifas sobre a inflação dos EUA
As tarifas impostas pelo presidente Donald Trump provocaram uma corrida de empresas e consumidores para importar e comprar bens antes dos aumentos de preços. Isso causou um pico artificial na atividade econômica, seguido agora por uma retração.
Um exemplo disso foi o déficit recorde no comércio de mercadorias no primeiro trimestre, resultado de um volume elevado de importações. Esse movimento foi responsável por boa parte da queda de 0,5% no Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no período.
Do lado do consumo, a atividade também perdeu força, com crescimento de apenas 0,5% no último trimestre, marcando o ritmo mais lento desde o segundo trimestre de 2020. As famílias reduziram gastos não apenas com bens, mas também com serviços.
- 📩 Os bastidores do mercado direto no seu e-mail! Assine grátis e receba análises que fazem a diferença no seu bolso.
Economistas apontam que a inflação permaneceu contida nos últimos meses porque muitas empresas ainda estavam vendendo estoques antigos adquiridos antes das tarifas.
No entanto, a expectativa é que os preços comecem a subir novamente a partir dos dados de junho, o que pode adiar ainda mais a flexibilização da política monetária.