A inflação medida pelo Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos caiu 0,1% em agosto em relação a julho, quando os números foram revisados para uma alta de 0,7%, segundo dados divulgados pelo Departamento do Trabalho nesta quarta-feira (10).
A queda do PPI é atribuída principalmente à redução nos custos de serviços e contraria as estimativas do mercado, que apontavam para uma alta mensal de 0,3% e de 3,5% no acumulado anual.
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Serviços puxam queda da inflação ao produtor
A queda inesperada do índice foi puxada por um recuo de 1,7% nos serviços comerciais, categoria volátil que reflete margens de lucro no setor produtivo e de distribuição.
Os preços dos serviços caíram 0,2%, após avançarem 0,7% em julho. Já os preços de mercadorias subiram 0,1%, depois do aumento de 0,6% no mês anterior.
No acumulado em 12 meses, o PPI registrou alta de 2,6% em agosto, abaixo da elevação de 3,1% em julho.
Segundo William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, o dado reforça a perspectiva de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) na reunião do FOMC da próxima semana, alinhada ao discurso de Powell em Jackson Hole e ao mercado de trabalho mais fraco.
Para Alves, a dinâmica mais favorável de preços, sobretudo em serviços, reduz pressões inflacionárias ao consumidor e sustenta as apostas em cortes de juros.
A dúvida do mercado agora, segundo o especialista, está no tamanho desses cortes, considerando também o cenário para 2026.
Núcleo do PPI avança em agosto
O núcleo do índice, que exclui itens mais voláteis como alimentos e energia, avançou 0,3% em agosto em base mensal, após a alta de 0,6% em julho.
Em 12 meses, acumulou alta de 2,8%, depois de 2,7% no mês anterior. O resultado ficou em linha com o consenso de mercado.
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Inflação ao produtor pressiona corte de juros
Segundo o CME Group, após a divulgação do PPI, a chance de redução de 25 pontos-base em setembro era de 89,8%, enquanto a de corte de 50 pontos-base subiu para 10,2%.
Para o fim de 2024, a maior probabilidade é de queda acumulada de 75 pontos-base, com 67,4% das apostas. Em segundo lugar, cortes de 50 pontos-base perderam força, passando de 30,7% para 23,8%. Já a chance de redução mais agressiva, de 100 pontos-base, avançou para 7,1%.
O Fed interrompeu o ciclo de flexibilização monetária em janeiro, em meio às incertezas sobre os impactos das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump.
A pressão por cortes voltou a ganhar força diante de sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho. Na terça-feira (9), o governo revisou dados e estimou que a economia criou 911 mil empregos a menos entre março de 2023 e março de 2024 do que o inicialmente projetado.
Além disso, o relatório de agosto mostrou estagnação na criação de vagas e indicou perda de postos em junho pela primeira vez em quatro anos e meio.
Trump volta a criticar o Fed
Após a divulgação do PPI, o presidente Donald Trump voltou a criticar o Fed e a defender cortes mais agressivos nos juros.
“Não há inflação!!! ‘Atrasado Demais’, é preciso cortar a TAXA, GRANDE, imediatamente”, escreveu na rede Truth Social. Trump também atacou o presidente do Fed: “Jerome Powell é um desastre total, que não tem a menor ideia!!!”.
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Reação do mercado após dados de inflação
Os principais índices acionários dos EUA operavam em direções opostas na manhã desta quarta-feira (10). Nasdaq e S&P 500 testavam máximas de fechamento, enquanto o Dow Jones destoava dos demais.
Por volta das 12h10 (horário de Brasília), o Dow Jones recuava 0,66%, aos 45.411,85 pontos, pressionado pela queda das ações da UnitedHealth. O S&P 500 subia 0,43%, aos 6.540,75 pontos, e o Nasdaq avançava 0,48%, aos 21.985 pontos.
O resultado também acarretou a queda dos yields dos Treasuries e uma leve valorização do dólar (DXY), com a moeda estável a R$ 5,43 frente ao real.
Os mercados reagiram aos dados de inflação ao produtor, interpretando-os como reforço ao cenário de início de ciclo de cortes de juros pelo Fed.