O principal índice de inflação dos Estados Unidos, medido pelo índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,3% em setembro, na comparação mensal.
Em 12 meses, o indicador retornou ao patamar de 3%, ao maior nível desde janeiro, segundo dados divulgados pelo Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS) nesta sexta-feira (24).
Analistas do mercado previam um avanço de 0,4% na margem mensal do indicador de inflação e de 3,1% no acumulado de 12 meses. Em agosto, o CPI registrou alta de 0,4%, com aumento de 2,9% em um ano.
Segundo dados do FedWatch, compilados pelo CME Group, após o CPI abaixo do esperado há 98,9% de probabilidade de novo corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, reduzindo a faixa de 4% a 4,25% ao ano. Já a aposta em duas quedas este ano aumentou para 96,7%.
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William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, analisa que ainda que o índice de inflação tenha vindo levemente abaixo do esperado em todas as medições, marcou a maior alta em 17 meses, com a inflação rodando a 3% ao ano, acima da meta do Fed.
Para ele, a boa notícia é que o dado veio mais ‘soft’ do que o imaginado, especialmente no núcleo da inflação, que subiu 0,23% no mês. “Quando retiramos alimentos e energia, itens mais voláteis e fora do alcance da política monetária, o resultado mostra pressões menores do que o esperado”.
Na perspectiva do estrategista, “a inflação não está necessariamente desacelerando, mas também não surpreende para cima e, olhando os componentes, a dinâmica parece favorável”.
Núcleo da inflação avança menos que o previsto
O núcleo do CPI, que exclui itens mais voláteis como alimentos e energia, aumentou 0,2% em base mensal, depois de avançar 0,3% em agosto, e veio abaixo da projeção de 0,3%. Em base anual, o núcleo da inflação cresceu 3%, ante o consenso de 3,1%.
O índice de preços de energia subiu 1,5% em setembro, após a alta de 0,7% em agosto. Já o índice de preços de alimentos aumentou 0,2%, depois de uma elevação de 0,5% no mês anterior.
Nos 12 meses até setembro, o subíndice de preços de energia registrou incremento de 2,8%, enquanto o de alimentos teve alta de 3,1%.
Inflação nos EUA persiste acima da meta do Fed
No acumulado de 12 meses, o CPI subiu 3% na última leitura, após o avanço de 2,9% em agosto, mas ficando abaixo da expectativa de 3,1%. A inflação segue acima da meta de 2% perseguida pelo Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano.
O relatório foi divulgado com mais de uma semana de atraso, em razão do “shutdown”, a paralisação parcial do governo americano que interrompeu a publicação de diversos dados econômicos e deixou o Fed no escuro em relação aos dados oficiais para tomar a próxima decisão de política monetária.
Em setembro, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) já havia cortado os juros em 0,25 ponto, na primeira redução desde dezembro do ano passado.
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Impactos do CPI no mercado
Os números do CPI abaixo do esperado derrubou o índice DXY em 0,15%, aos 98,789 pontos, após inflação americana esfriar. O dólar também foi impactando com uma queda de 0,35%, a R$ 5,36, enquanto as bolsas subiram e os juros aprofundaram as perdas.
Alves avalia que o mercado reagiu bem aos dados de inflação, considerando o movimento das bolsas em alta e juros futuros em queda, refletindo a leitura de que o cenário abre espaço para cortes de juros à frente, já que a inflação se mostra mais benigna do que se temia.
“No geral, trata-se de um dado positivo, que ajuda a descomprimir os yields dos títulos americanos e reforça a percepção de que o repasse inflacionário das tarifas tem sido mais brando do que o previsto”, avalia.









