O mercado de trabalho dos Estados Unidos criou 119 mil empregos formais em setembro, conforme aponta o relatório de emprego dos Estados Unidos (payroll), divulgado pelo Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS) nesta quinta-feira (20).
O resultado superou as estimativas do mercado, que apontavam para a criação de 50 mil postos de trabalho, e reorganizou as expectativas dos investidores sobre a política monetária americana.
Este é o primeiro payroll divulgado após o fim do “shutdown”, a paralisação parcial do governo americano, encerrada na quinta-feira passada. A coleta de dados, entretanto, foi realizada antes da interrupção e registrou taxa de resposta de 80,2% na pesquisa com estabelecimentos.
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Revisões do payroll reduzem saldo dos meses anteriores
O BLS informou ainda que leituras dos relatórios anteriores foram revisadas para baixo: em julho, o resultado passou de 79 mil para 72 mil vagas, redução de 7 mil.
Já em agosto, a revisão foi mais intensa: saindo de criação de 22 mil para uma queda de 4 mil postos, redução de 26 mil.
Somadas, as revisões de julho e agosto derrubam em 33 mil o número de vagas inicialmente reportado.
Contratações na área de saúde impulsionam payroll
Entre os setores analisados no mercado de trabalho americano, a área de saúde liderou a criação de postos em setembro, com 43 mil novas vagas. Em seguida, o setor de serviços alimentícios aparece com maior oferta de vagas, com 37 mil empregos.
No sentido contrário, o setor de transporte fechou 25 mil vagas no mês, enquanto o governo federal eliminou 3 mil postos, acumulando redução total de 97 mil empregos desde o pico registrado em janeiro deste ano.
Taxa de desemprego também surpreende
A taxa de desemprego nos EUA avançou de 4,3% para 4,4%, contrariando a expectativa do mercado de estabilidade no período. O número de americanos desempregados passou de 7,38 milhões para 7,6 milhões.
Já a taxa de participação na força de trabalho subiu levemente, de 62,3% para 62,4%, enquanto o salário médio por hora aumentou US$ 0,09, chegando a US$ 36,67, valor que representa uma alta mensal de 0,2%, abaixo da expectativa de 0,3%.
Na comparação anual, os salários avançaram 3,8%, pouco acima da previsão de 3,7%.
Payroll muda apostas sobre os juros
Com o payroll acima do esperado, investidores ajustaram rapidamente suas apostas sobre a próxima decisão do Federal Reserve (Fed), com uma forte tendência de manutenção da taxa de juros.
No entanto, nesta sexta-feira, as apostas de corte de juros em dezembro saltaram de 39% na quinta-feira, logo após a divulgação dos dados de emprego, para 70,6% nesta sexta-feira, após declaração de John Williams, presidente do Federal Reserve de Nova York, conforme aponta a CME Group.
Williams afirmou que “o progresso da inflação estagnou, mas deve estar a caminho de atingir 2% em 2027”, reiterando que ainda vê “espaço para um corte de juros no curto prazo”.
Ele reforçou que o Fed precisa atingir sua meta de inflação sem comprometer a meta de pleno emprego e também comentou que as tarifas “aumentaram os preços, mas não devem levar a uma inflação persistente”.
O dirigente afirmou ainda que o mercado de trabalho está hoje comparável ao período pré-pandemia e que os EUA enfrentam choques simultâneos de oferta e demanda.
Finalmente, Williams prevê crescimento dentro da tendência neste ano e no próximo e avalia que a política fiscal esteja elevando a taxa neutra entre 25 e 50 pontos-base e que, globalmente, o ambiente continua sendo de juros baixos e neutros.
Os índices futuros de Nova York reagiram com ganho de força após a divulgação, com Dow Jones avançando 0,69%, enquanto o S&P 500 subiu 0,51% e Nasdaq aumentou em 0,43%.
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Dados de emprego sob a ótica do Morgan Stanley
Em relatório publicado nesta quinta-feira, economistas do Morgan Stanley afirmaram que a recuperação do mercado de trabalho vista no payroll de setembro deve levar o Fed a manter os juros entre 3,75% e 4%.
Com a divulgação dos resultados, o banco revisou seu cenário-base, que antes previa um corte adicional de 0,25 ponto percentual ainda este ano.
“A ampla recuperação do payroll sugere riscos reduzidos de uma taxa de desemprego mais elevada. Não esperamos mais um corte do Fed em dezembro”, diz o documento, assinado pela equipe liderada por Michael Gapen, economista-chefe para os Estados Unidos.









