A balança comercial brasileira acumulou superávit de US$ 24,4 bilhões entre janeiro e maio deste ano e revela uma queda de 30,6% após a guerra comercial EUA-China, em relação ao mesmo período de 2024, quando o saldo foi de US$ 35,2 bilhões, segundo dados do Icomex (Indicador de Comércio Exterior), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre) nesta quarta-feira (18).
A principal causa foi a redução do saldo comercial com a China, que caiu de US$ 18,6 bilhões em 2024 para US$ 8,3 bilhões neste ano. O resultado é o menor para o período desde 2022.
Apesar do crescimento pontual em alguns meses, as exportações brasileiras para o país asiático registraram queda acumulada de 0,3% até maio. No mesmo período do ano passado, houve alta de 11,5%.
Acordo entre EUA e China não dissipa incertezas
Em 10 de junho, a China e os Estados Unidos firmaram um acordo comercial reduzindo tarifas bilaterais (de 125% e 145% para 10% e 55%, respectivamente). Ainda assim, o presidente Donald Trump classificou o pacto como uma “trégua temporária”. O prazo para que outros parceiros negociem acordos com os EUA termina em julho.
Além das tarifas, persistem tensões: a China ameaça restringir exportações de terras raras, essenciais para a indústria tecnológica, e os EUA revogaram vistos de estudantes chineses. A eclosão do conflito entre Israel e Irã adiciona riscos geopolíticos ao comércio global.
Impacto das tarifas de Trump para o Brasil
O Brasil também foi afetado pelas tarifas impostas pelos EUA: 10% sobre as importações brasileiras em geral e 50% para produtos de siderurgia e alumínio.
A reversão dessas alíquotas dependerá de negociações bilaterais e da pressão de setores industriais norte-americanos que dependem desses insumos brasileiros.
As exportações para os EUA subiram 1,2% no acumulado até maio, mas o déficit comercial com o país cresceu de US$ 226 milhões para US$ 1,04 bilhão.
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Superávit recua com queda nas exportações de commodities
A queda no superávit reflete principalmente o recuo nas exportações de commodities — produtos primários como minério, petróleo e grãos.
Essas vendas caíram 6,5% em valor no acumulado, enquanto as exportações de produtos industrializados (não commodities) subiram 12,4%, com destaque para automóveis (alta de 78,7% em volume).
As commodities ainda representam 67% das exportações brasileiras, impulsionadas pela agropecuária e indústria extrativa.
No entanto, os preços de exportação da indústria extrativa recuaram 9,9% no acumulado, enquanto os da agropecuária subiram 3,4%.
Já a indústria de transformação apresentou crescimento de 3,6% em volume exportado, com avanço de 12,4% nas não commodities. Produtos como automóveis puxaram essa alta.
Importações em patamar recorde
As importações brasileiras atingiram US$ 112,5 bilhões até maio, maior valor da série histórica iniciada em 2022. Esse crescimento de 9,2% sobre o mesmo período de 2024 pressiona o superávit.
Em volume, as compras do exterior subiram 12,4%. Os principais produtos importados foram adubos e fertilizantes (+9,4%), combustíveis (+12,8%), automóveis (+52,1%) e máquinas não elétricas (+29,4%).
A indústria de transformação respondeu por 94% das importações brasileiras. Em valor, o setor importou 12,1% a mais que no mesmo período de 2024.
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China lidera avanço nas importações
Nas importações, a China liderou com alta de 35%, seguida por EUA (+12,6%). A União Europeia teve leve alta (+1,3%), enquanto houve queda nas compras da Argentina (-3,3%).
Na exportação, destaque para a Argentina, com crescimento de 55,4%, puxado por veículos de passageiros (+164%) e de carga (+149%).
Houve aumento também nas vendas para União Europeia (+2,1%) e EUA (+1,2%). Já para a China, a retração foi de 0,3%.
Saldo por parceiro comercial – China e EUA lideram
- China: saldo caiu de US$ 18,6 bilhões para US$ 8,3 bilhões
- EUA: déficit aumentou de US$ 226 milhões para US$ 1,04 bilhão
- Argentina: passou de déficit para superávit de US$ 2,4 bilhões
- União Europeia: passou de déficit para superávit de US$ 161 milhões
Exportações e importações por uso econômico
Do lado das importações, o crescimento mais expressivo foi registrado nos bens de capital (+20%), refletindo investimentos em maquinário e equipamentos.
Também houve aumento nas importações de bens de consumo duráveis (+17%) e bens intermediários (+5%).
Nas exportações, os produtos básicos recuaram 7,6% em valor, enquanto os manufaturados subiram 6,9% e os semimanufaturados avançaram 2,1%.
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Participação das regiões brasileiras
Entre as regiões exportadoras, Centro-Oeste e Sudeste registraram queda nos embarques, puxadas pela retração nos preços da soja (principal produto do Centro-Oeste) e do minério de ferro (exportado pelo Sudeste). O Sul teve alta nas exportações, beneficiado pela venda de automóveis e carne suína.
Nas importações, o Sudeste concentrou 56% das compras do país, com destaque para São Paulo, responsável por mais de 35% das importações nacionais.