Para o CEO da B3, Gilson Finkelsztain, mesmo com as tensões geopolíticas e incertezas econômicas, o mercado de capitais brasileiro pode ser a ponte entre o agronegócio e investidores, impulsionando a competitividade global do setor.
O executivo participou nesta segunda-feira (11) da abertura do 24º Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), em parceria com a B3 (Bolsa de Valores Brasileira), em São Paulo.
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“Vivemos um momento de tensões geopolíticas, incertezas econômicas e estar aqui reforça o compromisso de ser a ponte que conecta o agronegócio com o fornecedor confiável e sustentável de alimentos e energia não só para o Brasil, mas para o mundo todo. A potência que o Brasil tem é no mercado de capitais. Que isso possa viabilizar a realidade do crescimento e competitividade global do setor”, afirmou Finkelsztain.
Mesmo diante de cadeias de suprimentos instáveis e mercados sensíveis à dívida global, o executivo acredita que o Brasil pode acelerar reformas e ampliar sua posição como parceiro estratégico de grandes potências, como Estados Unidos e China, para garantir a segurança alimentar e energética mundial.
“Talvez seja a hora da ousadia, criatividade, desafiando a sabedoria convencional. A próxima revolução está nas nossas mãos, com inovação, tecnologia, produtividade e sustentabilidade. Precisamos emergir mais fortes do que antes”, concluiu.
O executivo destacou que, apesar do cenário global desafiador, o diálogo e a diplomacia são caminhos fundamentais para manter o protagonismo brasileiro.
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Instrumentos financeiros do agro na B3
Para consolidar os resultados da parceria do mercado de capitais com o setor, Finkelsztain apresentou números de crescimento de produtos voltados ao financiamento do setor:
- FIAGRO (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais): alcançou quase 550 mil investidores, patrimônio líquido acima de R$ 10,5 bilhões e volume de negociação superior a R$ 10 milhões.
- LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio): ultrapassaram R$ 588 bilhões captados com 2,2 milhões de investidores.
- CPRs (Cédulas de Produto Rural): crescimento de 32% no último ano, atingindo R$ 418 bilhões.
- CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio): possui estoque de R$ 160 bilhões.
- CDCs (Cédulas de Crédito Bancário): mantêm relevância na cadeia agroindustrial.
Confiança e necessidade de inovação
Para o executivo, esses números mostram confiança e liquidez no setor, mas também reforçam a necessidade de inovação no financiamento do agro.
“O desafio continua e aquilo que nos une é inovação. Precisamos abrir novos caminhos para o financiamento do agro, cada vez mais a fronteira de crescimento do setor. Sabemos que o Plano Safra é e será sempre fundamental e que o mercado de capitais oferece a complementaridade necessária para garantir o fôlego de longo prazo que os produtores precisam, especialmente pequenos e médios”, afirmou.
Ele destacou também a importância dos contratos futuros de commodities, como boi, milho, soja, etanol e café, para proteger produtores da volatilidade de preços.
Finkelsztain ressaltou que o contrato de milho segue como o mais negociado na B3, refletindo a crescente demanda no mercado. Complementou que o contrato de boi gordo foi alterado recentemente, e derivativos de café foram lançados em parceria com a ICE Futures US (Dilom), com ajustes nos parâmetros de margem.
Apesar das dificuldades no mercado para captações, o CEO da B3 afirmou que há perspectiva de trazer mais companhias do agronegócio para a bolsa.
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CEO da B3 pauta sustentabilidade e agenda ESG
A agenda ESG também foi um dos temas abordados durante o evento, com destaque para o papel da B3 no financiamento da transição para um agronegócio mais sustentável.
Entre os produtos, Finkelsztain citou a CPR Verde (título de crédito vinculado a práticas ambientais) e créditos de carbono.
“Produtos como a CPR Verde e o crédito de carbono mostram que essa agenda de finanças verdes e o mercado de capitais podem caminhar juntos e acelerar a transformação positiva do agro. O agro tem força, escala, visão, e é nesse espaço que a B3 se posiciona, como parceira do agro conectando o campo ao capital”, afirmou.
Alianças estratégicas e cenário global
O executivo defendeu a formação de “agroallianças” para enfrentar barreiras comerciais, protecionismo e subsídios de outros países, além de combater populismos e tensões políticas.
Segundo ele, o mundo vive uma onda de mudanças e atitudes que exige novas alianças multilaterais. Enfatiza que não há claramente uma nova ordem mundial, o que há é uma onda de mudanças e atitudes, algo que não se sabe o que será.
Incerteza doméstica pesa mais sobre a economia
Finkelsztain citou estudos do BNDES que apontam que a incerteza interna, principalmente sobre investimentos, tem impacto maior na economia brasileira que a incerteza externa.
Salientou ainda que não podemos esquecer que a incerteza doméstica deve ser considerada uma variável essencial na determinação do ciclo econômico que vamos ver no Brasil.
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Energia e segurança alimentar
O CEO finaliza reforçando a competitividade do Brasil no agro e na produção de energia renovável, com destaque para biocombustíveis e não dependência de hidrocarbonetos importados. Ele citou também a importância de minerais estratégicos para a transição energética.
Segundo ele, sistemas energéticos precisam ser resilientes, flexíveis e escaláveis para implementar tecnologias limpas, reduzir custos e garantir insumos críticos.