O pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) pelas empresas listadas na Bolsa de Valores brasileira (B3) recuou 5,7% em 12 meses. Segundo levantamento da Elos Ayta, os proventos totalizaram R$ 142,5 bilhões no primeiro semestre deste ano.
A queda foi ainda maior entre as grandes pagadoras. Entre as dez maiores, que tradicionalmente concentram a fatia mais robusta da bolsa, houve retração de 13,5%. Essas empresas distribuíram R$ 91,5 bilhões entre janeiro e junho, ante os R$ 105,8 bilhões pagos no mesmo período de 2024.
O peso relativo desse grupo também diminuiu. A participação caiu de 61,4% para 42% do total pago, na comparação anual.
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O levantamento da Elos Ayta mostra que o cenário de dividendos na B3 passa por uma mudança de protagonismo. À medida que a Petrobras reduz os pagamentos, o setor financeiro ganha espaço como motor de geração de caixa para os investidores.
Petrobras reduz pagamentos em 52%
A Petrobras manteve a liderança no ranking de distribuidoras de proventos, mas cortou 52% dos valores pagos, reduzindo para R$ 26,3 bilhões.
Em entrevista ao Valor Econômico, Rodrigo Santoro, chefe da área de ações da Bradesco Asset explica que “a combinação de preço do petróleo menor no mercado internacional com uma despesa de capital (Capex) elevada fez a Petrobras reduzir os pagamentos de dividendos neste ano”.
Bancos ampliam pagamento de dividendos
Na direção oposta da estatal, os grandes bancos aumentaram seus desembolsos. Itaú Unibanco, Bradesco, BB Seguridade e Santander Brasil ampliaram a remuneração aos acionistas.
Juntos, os intermediários financeiros (17 instituições) destinaram R$ 41,9 bilhões em proventos, o que representa uma alta de 16,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Além dos bancos, companhias como Vale, Ambev, Vivo (Telefônica Brasil) e CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) figuraram entre as maiores distribuidoras de dividendos no semestre.
Banco do Brasil é exceção no pagamento de dividendos
O Banco do Brasil encolheu o valor distribuído em 8,6%, totalizando R$ 7,4 bilhões no primeiro semestre deste ano.
Segundo Santoro, a inadimplência de empresas do agronegócio foi relevante para a queda do lucro da empresa e, consequentemente, contribuiu para a redução do percentual de proventos aos acionistas.
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Tributação de dividendos pode acelerar pagamentos
A proposta de tributação de dividendos deve gerar alguns impactos nos volumes de pagamento de dividendos.
O projeto de lei nº 1.087/25, em tramitação na Câmara, prevê cobrança de 10% na fonte a partir de 2026 como compensação da isenção do Imposto de Renda sobre rendas de até R$ 5 mil.
Segundo analistas, essa possibilidade pode levar as empresas a antecipar distribuições de proventos ao longo deste ano, para escapar da nova taxação.