O setor público consolidado, formado por União, Estados, municípios e estatais, registrou déficit primário de R$ 66,56 bilhões em julho, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira (29).
Esse foi o maior déficit considerado para um mês de julho desde 2020, quando o resultado primário do setor público foi negativo em R$ 81,07 bilhões. Na comparação anual, o resultado também foi deficitário, mas em menor volume, de R$ 21,34 bilhões.
Ficam de fora desses cálculos empresas do grupo Petrobras e bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
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Déficit primário dos entes federativos
O déficit do governo central somou R$ 56,36 bilhões em julho. Já os estados e municípios apresentaram déficit de R$ 8,148 bilhões, enquanto o das estatais foi de R$ 512 milhões.
Nos 12 meses até julho, o déficit primário acumulado foi de R$ 27,29 bilhões, o equivalente a 0,22% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Até junho, havia superávit de 0,15% do PIB.
Déficit primário aumenta com juros
O setor público consolidado também apresentou déficit nominal de R$ 175,57 bilhões em julho, valor que inclui os gastos com juros da dívida. Um ano antes, esse déficit era de R$ 101,47 bilhões.
O resultado de julho foi formado pelo déficit primário de R$ 66,56 bilhões somado a uma conta de juros de R$ 109,009 bilhões.
Em 12 meses até julho, o déficit nominal alcançou R$ 968,49 bilhões, equivalente a 7,86% do PIB. Em junho, o resultado estava negativo em 7,3% do PIB.
A conta de juros, por sua vez, somou R$ 941,19 bilhões em 12 meses até julho, o equivalente a 7,64% do PIB. No mês anterior, estava em R$ 912,31 bilhões, ou 7,45% do PIB.
Assim como no resultado primário, os dados não incluem Petrobras nem bancos estatais, uma vez que as estatísticas do BC consideram apenas o setor público não financeiro.
Dívida pública
A dívida bruta do governo geral chegou a R$ 9,55 trilhões em julho, o equivalente a 77,6% do PIB. Em junho, o montante era de R$ 9,38 trilhões, ou 76,6% do PIB.
Segundo o Banco Central, a variação mensal foi explicada por:
- Efeito altista de 0,8 ponto percentual (p.p.) do PIB das emissões líquidas de dívida
- 0,8 p.p. da apropriação de juros
- 0,1 p.p. da variação cambial
Do lado baixista, o crescimento do PIB nominal reduziu a dívida em 0,4 p.p..
Já a dívida líquida do setor público não financeiro atingiu R$ 7,85 trilhões em julho, o que representa 63,7% do PIB. Em junho, estava em 62,9% do PIB, proporcional a R$ 7,70 trilhões.
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Elasticidades da dívida do governo
O Banco Central também divulgou as chamadas elasticidades da dívida, que mostram como variações em câmbio, juros e inflação afetam os indicadores.
- Dívida líquida:
- Uma valorização de 1% no câmbio eleva a dívida em 0,07 p.p. do PIB (R$ 8,7 bilhões).
- Um aumento de 1 ponto percentual da Selic, mantido por 12 meses, aumenta a dívida em 0,49 p.p. do PIB (R$ 59,8 bilhões).
- Uma alta de 1 ponto na inflação, mantida por 12 meses, adiciona 0,16 p.p. ao PIB (R$ 20,2 bilhões).
- Dívida bruta:
- Uma valorização de 1% no câmbio reduz a dívida em 0,09 p.p. do PIB (R$ 10,5 bilhões).
- Uma alta de 1 ponto da Selic, mantida por 12 meses, eleva a dívida em 0,44 p.p. do PIB (R$ 54,4 bilhões).
- Um aumento de 1 ponto na inflação, mantido por 12 meses, adiciona 0,16 p.p. ao PIB (R$ 19,9 bilhões).