A produção industrial registrou queda de 0,2% em julho, em relação ao mês anterior (na série com ajuste sazonal), segundo a Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta quarta-feira (3).
Com esse resultado, o setor completa o quarto mês seguido de estagnação. Na comparação anual, sem ajuste sazonal, houve uma leve alta de 0,2%. Já no acumulado do ano, a indústria cresceu 1,1%, e em 12 meses, avançou 1,9%.
Segundo André Macedo, gerente do IBGE responsável pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), “o resultado do mês reforça o comportamento de menor intensidade dos últimos meses”.
Ele destaca a relação direta entre esse comportamento de menor intensidade da indústria nos últimos meses com o aumento de juros desde o ano passado:
“Em termos conjunturais, destacam-se os efeitos de uma política monetária mais restritiva – que encarece o crédito, eleva a inadimplência e afeta negativamente as decisões de consumo e investimentos. Esses fatores contribuíram para limitar o ritmo de crescimento da produção industrial no período, refletindo-se em resultados mais moderados frente aos meses anteriores”, explica.
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Desempenho por atividade da produção industrial
Na passagem de junho para julho, 13 dos 25 ramos pesquisados recuaram. A maior contribuição negativa é atribuída à metalurgia (-2,3%), interrompendo dois meses de alta.
Também contribuíram para a retração os setores de outros equipamentos de transporte (-5,3%), impressão e reprodução de gravações (-11,3%), bebidas (-2,2%), manutenção e reparação de máquinas e equipamentos (-3,7%), informática e eletrônicos (-2,0%), produtos diversos (-3,5%) e borracha e plástico (-1,0%).
Por outro lado, 11 atividades cresceram, com destaque para produtos farmoquímicos e farmacêuticos (7,9%), em seu terceiro mês consecutivo de alta, acumulando 13,9% no período. Também se destacaram alimentos (1,1%), indústrias extrativas (0,8%) e produtos químicos (1,8%).
Comportamento das categorias econômicas
No mês de julho, a produção industrial mostrou comportamentos distintos entre as grandes categorias econômicas. Na comparação com junho, os bens de consumo duráveis recuaram 0,5% e os bens de capital caíram 0,2%, enquanto os bens intermediários avançaram 0,5% e os bens de consumo semi e não duráveis cresceram 0,1%, revertendo parte das perdas anteriores.
No período, o índice de média móvel trimestral registrou queda de 0,3%, refletindo retrações em bens de consumo duráveis, semi e não duráveis e de capital, com apenas os bens intermediários mantendo alta.
Já na comparação com julho de 2024, apenas os bens intermediários cresceram, com avanço de 2,5%, impulsionados por indústrias extrativas, automotivas, têxteis, alimentícias e químicas.
Nesse mesmo recorte, os bens de consumo semi e não duráveis caíram 4,1%, pressionados pela queda em carburantes, alimentos processados e semiduráveis, enquanto os bens duráveis recuaram 3,4%, influenciados pela menor produção de eletrodomésticos, automóveis e motocicletas.
Os bens de capital tiveram leve queda de 0,1%, resultado das perdas em bens de uso misto e transporte, embora subsetores como agrícolas, industriais, de construção e de energia elétrica tenham registrado crescimento.
O economista Maykon Douglas analisa que os dados da produção industrial reproduzem os dados do PIB do segundo trimestre, revelando uma alta no setor extrativo, menos cíclica, e uma performance tímida da indústria de transformação, mais sensível às condições financeiras.
Douglas pontua que embora essa desaceleração na indústria tenha sido disseminada, os bens de consumo se sobressaem, com uma queda trimestral anualizada de 11,5%.
Estes números, segundo ele, reforçam a desaceleração da atividade doméstica em razão do aperto monetário.
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Comparação anual da produção industrial
Na comparação com julho de 2024, a produção industrial subiu 0,2%. O destaque foi a alta das indústrias extrativas (6,3%), impulsionada pela maior produção de petróleo e gás natural.
Outras influências positivas vieram de produtos alimentícios (2,2%), farmoquímicos e farmacêuticos (12,0%), máquinas e equipamentos (5,2%), produtos químicos (1,9%), têxteis (9,9%), celulose e papel (3,8%) e manutenção e reparação de máquinas (8,7%).
Entre as quedas, o setor de coque e derivados de petróleo (-7,7%) exerceu o maior peso, influenciado pela menor produção de etanol.
Bebidas (-8,8%), impressão e reprodução de gravações (-29,1%), produtos de metal (-5,0%), produtos diversos (-12,2%), equipamentos elétricos (-3,6%) e minerais não metálicos (-3,0%) também pressionaram negativamente.
Produção industrial no acumulado no ano
De janeiro a julho, a produção industrial cresceu 1,1% frente ao mesmo período de 2024. Três das quatro grandes categorias avançaram:
- Bens de consumo duráveis: registrou alta de 6,4%, com destaque para automóveis (+7,4%) e linha marrom (+5,3%)
- Bens intermediários: aumentou 2,2%
- Bens de capital: subiu 0,9%
Já os bens de consumo semi e não duráveis recuaram 2,6%.
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Entre os setores, os destaques positivos foram indústrias extrativas (3,7%), veículos automotores (4,7%), máquinas e equipamentos (7,9%), produtos químicos (3,5%), metalurgia (3,8%), têxteis (11,2%) e manutenção e reparação de máquinas (9,6%).
Na outra ponta, coque e derivados de petróleo (-4,8%), impressão e reprodução de gravações (-12,6%), bebidas (-2,6%) e alimentos (-0,4%) registraram queda.