A qualidade dos perfis de crédito das empresas brasileiras não financeiras e dos grupos de infraestrutura deve permanecer estável até 2026, apesar da expectativa de desaceleração do crescimento econômico do País, aponta a Moody’s.
De acordo com a agência de classificação de risco, os produtores de commodities, responsáveis por cerca de três quartos da dívida nominal do Brasil, serão os mais impactados pela perda de fôlego da atividade.
- Enquanto você lê esta notícia, outros investidores seguem uma estratégia validada — veja como automatizar suas operações também.
Tarifaço terá pouco impacto sobre o crédito
A Moody’s destacou que, embora as expectativas de inflação para 2026 tenham recuado, a queda das taxas de juros sinaliza uma desaceleração do crescimento geral.
A instituição avaliou ainda que as tensões comerciais entre os Estados Unidos e outros países devem ter impacto direto limitado na qualidade do crédito corporativo brasileiro. A agência manteve o rating soberano do país em Ba1, com perspectiva estável.
Mercado interno deve favorecer empresas
Para a agência, empresas voltadas ao mercado interno devem apresentar ganhos mais consistentes de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em comparação às exportadoras de commodities.
Com o PIB projetado para desacelerar de 3,4% em 2024 para cerca de 2% em 2025 e 2026, o Ebitda das companhias com foco doméstico deve crescer 4%, contra apenas 1% no caso dos produtores de commodities.
“As despesas com juros ainda elevadas continuarão a pressionar o lucro líquido e a geração de caixa. Empresas com maior exposição à dívida de curto prazo buscarão gerenciar seus passivos antes das eleições presidenciais de outubro de 2026”, disse a Moody’s em relatório.
Segundo a Moody’s as companhias voltadas ao mercado doméstico também devem se beneficiar com salários reais mais altos, embora a confiança do consumidor deva se manter nos níveis de 2024, com tendência de maior volatilidade à medida que se aproximam as eleições.
Nesse cenário, o aumento nos preços de aluguel e a desaceleração da expansão devem favorecer a geração de caixa das locadoras de veículos Localiza (Ba1 estável) e Movida (Ba3 estável).
O Mercado Livre (Ba1 estável), por sua vez, deve continuar se beneficiando de sua plataforma robusta de comércio eletrônico e da expansão de seus serviços financeiros.
- Investir em commodities com estratégia profissional é possível — saiba como ativar o Copy Invest do Portal das Commodities.
Moody’s prevê cenário de commodities e grandes exportadoras
Os preços das commodities devem permanecer fracos no período, principalmente em razão da demanda menor por metais básicos na China.
Ainda assim, a Vale (Baa2 estável) deve registrar crescimento de Ebitda em 2025 e 2026, sustentado por aumento de volumes e controle de custos. Já siderúrgicas e produtores químicos devem continuar enfrentando pressão em razão do excesso de oferta.
No setor de proteínas, os preços moderados dos grãos seguem favorecendo as métricas de crédito da JBS (Baa3 estável) e da BRF (Ba2 estável).
Apesar da queda nos preços da celulose, os custos competitivos continuam beneficiando a Suzano (Baa3 positiva) e a Eldorado Brasil Celulose (Ba2 em revisão para rebaixamento).
Transparência regulatória também favorece empresas
No setor de infraestrutura, a Moody’s ressaltou que o aumento da transparência regulatória e da liberdade de escolha do consumidor deve favorecer as empresas, embora o apetite por risco dos investidores siga moderado.
“A demanda por maior capacidade de transmissão elétrica será impulsionada por novas restrições e projetos eólicos e solares. As parcerias público-privadas (PPPs) devem investir cerca de R$ 364 bilhões (US$ 67 bilhões) em projetos federais e estaduais entre 2025 e 2029”, informou a agência.
- Chega de operar no escuro: conheça a ferramenta que automatiza seus investimentos — acesse agora e fale com nosso time no WhatsApp.
Previsão da Moody’s para o PIB do Brasil e perspectivas globais
A Moody’s Ratings manteve a previsão de crescimento de 2% para o PIB do Brasil tanto em 2025 quanto em 2026, em linha com a publicação anterior de maio.
Para a economia global, a agência revisou para cima suas estimativas. A expectativa de avanço para este ano passou de 1,9% em maio para 2,4% agora, enquanto para 2025 subiu de 2,3% para 2,4%.
Segundo a Moody’s, essa revisão reflete mais a volatilidade geral dos dados do que uma resiliência econômica diante das tarifas comerciais.
“Embora a incerteza comercial tenha diminuído desde abril, ela continuará elevada até que o novo regime tarifário global se consolide, impactando decisões empresariais”, afirmou a agência.