A exportação brasileira de carne bovina totalizou 299,4 mil toneladas em agosto, aumento de 20,7% em relação ao mesmo intervalo em 2024 (248 mil/ton).
Esse volume representa o segundo maior embarque mensal da série histórica, atrás apenas de julho deste ano, quando foram exportadas 313,6 mil toneladas. A receita chegou a US$ 1,6 bilhão, alta de 49,8% frente ao ano anterior (US$ 1,07 bilhão).
Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que reúne 46 empresas responsáveis por 98% das exportações brasileiras de carne bovina.
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Projeção recorde para exportação de carne bovina
A Abiec projeta que 3,24 milhões de toneladas de carne bovina sejam exportadas em 2025, 12% a mais que as 2,89 milhões de toneladas embarcadas em 2024.
De janeiro a agosto, os embarques somaram 2,08 milhões de toneladas, marcando um crescimento de 15% em relação ao mesmo período de 2024. Esse volume somou uma receita de US$ 10,5 bilhões, avanço de 32,9%.
Abertura de novos mercados
Roberto Perosa, presidente da Abiec, atribui a crescente no consumo de carne bovina à Ásia, com o potencial de crescimento populacional.
Segundo ele, além da China, o Vietnã deve ampliar sua participação no continente asiático. Após abrir o mercado em março, o país deve habilitar 18 empresas brasileiras em breve.
Perosa afirma ainda que “Há fortes indícios de que o Japão vai anunciar sua abertura para a carne bovina brasileira neste ano, o que, se confirmado, será uma oportunidade importante de mercado para ajudar na rentabilidade das exportações”.
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Principais destinos de exportação de carne bovina
Em agosto, a China manteve a liderança das compras, com 161 mil toneladas (53,7% do total), gerando US$ 894 milhões, equivalente a um aumento de 48,1% frente a agosto de 2024.
No período de janeiro a agosto, os EUA importaram 209,1 mil toneladas (US$ 1,22 bilhão), crescimento de 71,5% frente a 2024, quando foram embarcadas 121 mil toneladas (US$ 725 milhões).
O resultado já se aproxima do total de 229 mil toneladas exportadas em todo o ano passado, reforçando a importância do mercado norte-americano e a necessidade de retomar plenamente as relações comerciais diante do impacto do tarifaço.
Outros mercados estratégicos apresentaram crescimento expressivo: México (+198%), União Europeia (+37,8%), Rússia (+31%), e Chile (+18,5%). Em agosto, destacaram-se a União Europeia (+41%) e a Rússia (+57,7%).
Impacto das tarifas norte-americanas
No 1º semestre, os EUA consolidaram-se como o 2º maior destino da carne bovina brasileira, com 181,5 mil t (12,3% das vendas externas). Contudo, de julho para agosto, os embarques caíram 48,5%, totalizando 9.382 toneladas, reflexo das tarifas impostas pelo governo norte-americano.
Em abril, os EUA haviam antecipado compras, enviando 47.836 t, alta de 498% sobre abril de 2024, antes do aumento das tarifas de 26,4% para 36,4%. Em agosto, a sobretaxa chegou a 76,4%.
Segundo o presidente da Abiec, “O setor seguirá em trajetória de expansão, mas a manutenção das negociações com Washington é essencial. Não dá para dizer que o Brasil redirecionou para outros mercados. A importância do mercado [norte-americano] está dada”.
Ele acrescentou que setembro será determinante para avaliar os efeitos da medida de Donald Trump, e que cortes de maior valor agregado ainda podem ser vendidos, mas em escala reduzida.
Indonésia amplia importações brasileiras
A Indonésia habilitou 17 novas plantas frigoríficas, totalizando 38 unidades autorizadas a exportar carne bovina. As plantas estão localizadas em Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rondônia e São Paulo.
O MAPA confirmou a abertura do mercado para carne bovina com osso, miúdos, produtos cárneos e preparados de carne, ampliando o portfólio exportável.
Entre janeiro e agosto, o Brasil exportou 15,4 mil t para a Indonésia, gerando US$ 71,6 milhões, alta de 258,9% em valor e 253% em volume comparado a 2024.
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“O que vemos na Indonésia é um exemplo claro de como a união entre o setor privado e o setor público traz resultados concretos. Os nossos associados têm investido em qualidade, tecnologia e sustentabilidade, enquanto o governo brasileiro tem atuado com firmeza na negociação internacional”, disse Perosa.
Segundo ele, essa combinação é decisiva para que o Brasil conquiste mais espaço em mercados estratégicos e consolide sua posição como fornecedor confiável mundial de carne bovina.