A taxa de desemprego no Brasil caiu para 5,6% no trimestre móvel encerrado em julho, representando uma retração frente ao trimestre anterior, encerrado em junho (5,8%), e a segunda mínima consecutiva desde o início da série histórica, em 2012, segundo a Pnad Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (16).
O resultado veio acima das projeções do mercado, que estimavam uma queda de 5,7% da taxa de desemprego no período.
O IBGE detalhou ainda que a taxa caiu 1 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado em abril (6,6%) e 1,2 ponto percentual frente ao mesmo período de 2024 (6,9%).
Para William Kratochwill, analista do IBGE, “esses números sustentam o bom momento do mercado de trabalho, com crescimento da ocupação e redução da subutilização da mão de obra, ou seja, um mercado de trabalho mais ativo”.
- Outros investidores já estão copiando uma estratégia que rendeu R$ 113 mil — saiba como ativar agora o Copy Invest.
Setores que contribuíram para a queda do desemprego
No trimestre, a alta da taxa de emprego foi impulsionada por três grupos de atividade:
- Agropecuária, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura: aumentou 206 mil pessoas (+2,7%)
- Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas: ganhou mais 260 mil (+2,0%)
- Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais: avançou com 522 mil (+2,8%)
Na comparação anual, cinco grupos se destacaram na redução do desemprego:
- Indústria geral: +580 mil (+4,6%)
- Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas: +398 mil (+2,1%)
- Transporte, armazenagem e correio: +360 mil (+6,5%)
- Informação, comunicação e atividades financeiras: +480 mil (+3,8%)
- Administração pública e serviços sociais: +677 mil (+3,7%)
Taxa de desemprego é a menor desde o último trimestre
A população desocupada caiu para 6,11 milhões, registrando o menor número desde o último trimestre de 2013 (6,10 milhões).
Já a população ocupada, que inclui todos os trabalhadores, atingiu 102,4 milhões, também em patamar histórico. O nível de ocupação, que mede a proporção de pessoas em idade de trabalhar que estão ocupadas, permaneceu em 58,8%, atingindo uma nova máxima.
O número de empregados com carteira assinada também alcançou números recordes, chegando a 39,1 milhões.
Por outro lado, a população fora da força de trabalho ficou em 65,6 milhões, porém, mostrando estabilidade; enquanto o número de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego) caiu para 2,7 milhões, marcando um recuo de 11% no trimestre e 15% no ano. No período, o percentual de desalentados foi de 2,4%.
Kratochwill explica que “esses indicadores demonstram que as pessoas que deixaram a população desocupada não estão se retirando da força de trabalho ou caindo no desalento, elas estão realmente ingressando no mercado de trabalho, o que é corroborado pelo recorde na ocupação”.
O economista Maykon Douglas ressalta que o mercado de trabalho doméstico vem renovando seus recordes nas últimas divulgações, liderado há um bom tempo pelo emprego formal.
“Para se ter uma ideia, a relação entre informais e empregados caiu para abaixo de 38% em julho, pela primeira vez desde meados de 2020. Ou seja, trata-se de uma trajetória bastante positiva também do ponto de vista qualitativo”, analisa.
Informalidade também recua
A taxa de informalidade caiu para 37,8%no trimestre encerrado em julho, frente aos 38% constatados no trimestre anterior e 38,7% no mesmo período de 2024.
Apesar disso, o total de trabalhadores sem vínculo formal subiu para 38,8 milhões, frente a 38,5 milhões no trimestre anterior e 38,7 milhões no mesmo período de 2025.
Kratochwill observa que “o crescimento da parcela informal da população ocupada foi marginal, sem significância estatística, no entanto a parcela formal continuou a crescer, promovendo uma redução significativa neste indicador”.
Confira outros dados de emprego:
- Setor privado com carteira assinada: atingiu o recorde de 39,1 milhões, estável no trimestre e subiu 3,5% no ano (+1,3 milhão)
- Trabalhadores por conta própria: também bateu novo recorde, de 25,9 milhões, avançando 1,9% no trimestre (+492 mil) e 4,2% no ano (+1 milhão)
- Empregados do setor privado sem carteira: somaram 13,5 milhões.
- Chega de operar no escuro: conheça a ferramenta que automatiza seus investimentos — acesse agora e fale com nosso time no WhatsApp.
Massa de rendimento bate recorde
A massa de rendimento médio real atingiu R$ 352,3 bilhões, registrando um novo recorde, com alta de 2,5% no trimestre (+R$ 8,6 bilhões) e de 6,4% no ano (+R$ 21,3 bilhões).
O rendimento médio real habitual no período foi de R$ 3.484, registrando um crescimento de 1,3% no trimestre e de 3,8% no ano, puxado principalmente pela administração pública (+1,8% ou +R$ 86), enquanto os demais setores não tiveram variação significativa.
Kratochwill analisa que “os indicadores do mercado de trabalho estão atingindo patamares de destaque, com as medidas de subutilização em patamares mínimos ou próximos do mínimo. No entanto, os rendimentos apresentaram variações marginais, salvo para os militares e funcionários públicos estatutários, o que contribuiu para o aumento do rendimento médio no país”.
Desinflação do núcleo de serviços
Para Douglas, o mercado de trabalho é o principal motivo da lenta desinflação do núcleo de serviços, por ser relativamente mais sensível às condições de demanda.
Ele pontua que a massa salarial mantém um forte crescimento real, de quase 6,3% nesta leitura, o que tem segurado alguns segmentos diante do atual cenário de desaceleração econômica.
Segundo o especialista, dada essa dinâmica conjunta entre emprego e inflação subjacente, o Comitê de Política Monetária (Copom) não tem espaço para alterar o cerne da sua comunicação no momento, e deve manter firme seu objetivo de manter a taxa Selic no atual patamar por tempo suficiente para reequilibrar os preços.
