Com a realocação de embarques de carne bovina antes destinados aos Estados Unidos, os volumes exportados devem crescer entre 12% e 14% em 2025 em comparação ao ano passado. A declaração é de Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) durante o 5º Fórum Pecuária Brasil, promovido pela Datagro, que acontece em São Paulo nesta quarta-feira (17).
Apesar dos números registrados recentemente, as margens das indústrias exportadoras seguem pressionadas pelas tarifas adicionais de 50% aplicadas pelos Estados Unidos e pela perda do mercado norte-americano, segundo maior cliente do Brasil.
Neste ano, o Brasil tem registrado recordes sucessivos de exportação de carne bovina, totalizando 299,4 mil toneladas no mês de agosto, segundo maior embarque mensal da história após o recorde observado em julho, quando foram exportadas 313,6 mil toneladas.
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Tarifas trazem perdas à indústria de carne bovina
Perosa ressaltou que o mercado brasileiro, especialmente o de pecuária, tem conseguido se adaptar às tarifas adicionais dos Estados Unidos e questões geopolíticas, com grande capacidade realocação dos seus produtos, mas ainda assim os efeitos das tarifas são sentidos.
“É importante que a gente saiba que conseguimos realocar boa parte da produção, o que mostra a capilaridade da indústria brasileira, mas a perda do nosso segundo maior mercado faz diferença no resultado das empresas e isso impacta toda a cadeia”.
Segundo Perosa, mesmo que o Brasil siga exportando para o mercado norte-americano sob as tarifas de 76%, essas taxas trazem perdas para a indústria de carne bovina.
Mercado aposta em investida diplomática
Para o presidente da Abiec, a saída dessa atual situação passa por negociações políticas. “É necessário que a gente continue pressionando o governo brasileiro para as negociações prosseguirem para retomarmos o fluxo normal de comércio com os Estados Unidos”, destacou.
“Ainda existe exportação para os EUA por conta da competitividade que nós conquistamos. Lembre-se de que até 30, 35 anos atrás, éramos importadores de carne bovina. Houve uma grande revolução no setor e isso é devido à parceria entre os pecuaristas e a indústria”.
Perosa ressaltou ainda que o mercado americano é altamente rentável e de grande demanda, importante para o setor.
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Diversificação de mercados de carne bovina
Em 2024, o Brasil exportou 2,89 milhões de toneladas de carne bovina para cerca de 150 países, somando US$ 12,9 bilhões.
Segundo Perosa, o desempenho esperado para 2025 está sustentado pela diversificação dos destinos. “Estamos atingindo os maiores mercados do mundo e falta ainda atendermos três mercados estratégicos. O Vietnã foi aberto recentemente. Nós estamos trabalhando para a abertura do mercado do Japão, da Turquia e da Coreia do Sul. São mercados altamente rentáveis e com isso devem trazer rentabilidade para todos os elos da cadeia”, afirmou.
O dirigente da Abiec destacou ainda que o Japão deu um passo inicial em setembro ao autorizar as exportações de gordura animal do Brasil, e há expectativa de que ainda este ano seja liberada também a carne bovina.