O mercado de boi gordo na Bolsa de Valores brasileira (B3) registrou forte crescimento em 2025, com o volume de contratos futuros e opções negociados dobrando em relação ao mesmo período de 2024.
O número médio diário de negócios (ADV) saltou de 2,9 mil contratos em janeiro de 2024 para 6,4 mil em janeiro de 2025, segundo dados da bolsa divulgados durante o 5º Fórum Pecuária Brasil, promovido pela Datagro, em São Paulo, nesta quarta-feira (17).
O contrato futuro do boi gordo (BGI), negociado na B3, registrou em julho o maior volume de sua história, com 13,8 mil contratos negociados no mês, frente a 5 mil no mesmo período do ano passado, e um valor financeiro de R$ 20 milhões. O resultado surpreendeu analistas, já que julho é tradicionalmente um mês de baixa liquidez.
Segundo Marielle Brugnari Solzki, head de Produto de Commodities da B3, foi o julho mais expressivo da história, com recordes de negociação desse contrato. “Se a gente compara com o ano anterior, triplicou o volume”, enfatiza.
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O total de contratos em aberto também apresentou avanço relevante. Em agosto de 2024, havia 117 mil contratos em circulação. Um ano depois, o número chegou a 178,7 mil, um aumento de mais de 50%.
Perfil dos investidores de contrato futuro de boi gordo
O levantamento da B3 mostra ainda que pessoas físicas seguem com o maior peso no mercado de boi gordo, respondendo por 46,5% da participação. Em seguida aparecem:
- Investidores estrangeiros (24,1%)
- Pessoas jurídicas não financeiras (15%)
- Instituições financeiras (9%)
- Investidores institucionais (5,4%)
Breno Maia, Commodities Broker da Necton Investimentos, destaca que a confiança na liquidação financeira tem sustentado a retomada da liquidez do contrato. Segundo ele, “a grande vitória nesses últimos 12 meses foi a confiança que o mercado tem na liquidação e que passa mais confiança pro investidor”.
Maia defende que o próximo passo é aumentar a participação dos pecuaristas: “Todo mundo fica pensando: ‘Ah, vamos trazer os fundos, vamos trazer o institucional’… Não, eu acho que a gente tem que trazer o produtor. […] O mercado tá se profissionalizando, a volatilidade chegou para ficar e o corretor, cada vez mais se tecnicificando, tem que procurar a bolsa”.
Saiba como funciona o contrato futuro de boi gordo
O contrato BGI permite que produtores e investidores fixem o preço da arroba do boi em uma data futura, reduzindo riscos de oscilação.
O contrato é cotado em reais por arroba e possui um tamanho de 330 arrobas líquidas, voltado à negociação bovinos machos com no mínimo 16 arrobas líquidas de carcaça e até 42 meses.
Desde fevereiro deste ano, a liquidação é baseada no Indicador do Boi DATAGRO.
Esse mecanismo é usado por confinadores, tradings e frigoríficos para planejar custos e margens do mercado que cada vez mais está sujeito à volatilidade.
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Volatilidade e impactos para os preços
O especialista lembra que, até 2020, a volatilidade do boi gordo era baixa, em torno de 7% a 8%. Hoje, já alcança 19%. Para ele, isso é reflexo da transformação da carne brasileira em commodity global, o que tende a manter oscilações mais intensas.
Segundo Maia, o cenário de oferta também pressiona preços: “Em 2026, nós vamos entrar no menor estoque de proteína bovina da história, em abrangência mundial. O único país que tem o volume significativo para atender toda essa demanda e hoje tem o boi mais barato do mundo, segue sendo a gente”.
Para o ciclo atual, ele projeta uma queda de 10% a 12% no consumo doméstico e alta de 5% a 6% na demanda externa. No entanto, a redução de produção, estimada em 12%, deve equilibrar os dois lados, mas com efeitos sobre margens e câmbio.