A produção industrial brasileira avançou 0,8% em agosto frente a julho (com ajuste sazonal), segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (3).
Os números vieram acima das estimativas dos analistas, que projetavam um crescimento de 0,5%. O resultando também é o melhor para um mês de agosto desde 2020.
Na comparação anual, houve retração de 0,7%. Já no acumulado de janeiro a agosto, a pesquisa registrou um avanço de 0,9%, enquanto o crescimento nos últimos 12 meses foi de 1,6%.
Para André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, “é uma melhor situação do que a gente vinha observando desde abril. O setor volta a ter um crescimento importante, elimina apenas uma parte da queda acumulada de 1,2%, mas volta para o campo positivo, com uma predominância de segmentos avançando na produção.”
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Recuperação da indústria após quatro meses de perdas
Após quatro meses sem crescimento expressivo, a indústria acumulava perda de 1,2%. Em abril, a produção no setor caiu 0,6%, seguida de retração de 0,5% em maio.
Já o mês de junho apresentou estabilidade, com alta de 0,1%, enquanto julho teve um leve recuo de 0,2%.
A alta de agosto interrompeu essa sequência negativa, no entanto, compensou apenas parcialmente as perdas acumuladas.
Na análise do economista Maykon Douglas, a base de cálculo depreciada explica o resultado surpresa da indústria em agosto, considerando que o setor vinha reportando números ruins na indústria de transformação.
Ele enfatiza que, com exceção da indústria de bens intermediários, todas as categorias econômicas estão negativas quando anualizada a variação trimestral móvel; métrica na qual os bens de consumo registram uma queda de 9%.
Segundo o especialista, apesar do resultado, o cenário não é dos mais favoráveis à indústria, uma vez que a tendência é que o consumo mais sensível à renda continue sentindo o efeito defasado dos juros altos.
Setores que impulsionaram a produção industrial
O crescimento mensal da indústria foi puxado principalmente por produtos farmoquímicos e farmacêuticos, com alta de 13,4%, acumulando expansão de 28,6% nos últimos quatro meses.
Produtos derivados do petróleo e biocombustíveis subiram 1,8%, marcando dois meses consecutivos de avanço, acumulando 2,7%. Produtos alimentícios avançaram 1,3%, também mantendo sequência positiva de dois meses.
Outros setores com contribuição positiva significativa foram impressão e reprodução de gravações (+26,8%), veículos automotores, reboques e carrocerias (+1,8%), produtos diversos (+5,8%), outros equipamentos de transporte (+4,4%) e bebidas (+1,7%).
Entre os segmentos que recuaram, os destaques negativos foram produtos químicos (-1,6%), que interrompeu três meses consecutivos de crescimento acumulando alta de 2,4%, além de máquinas e equipamentos (-2,2%), produtos de madeira (-8,6%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-3,6%) e indústrias extrativas (-0,3%).
Produção industrial nas grandes categorias
Entre julho e agosto, três das quatro grandes categorias econômicas registraram crescimento. Os bens intermediários, que representam cerca de 55% da indústria, avançaram 1%, marcando o sétimo resultado positivo consecutivo e acumulando 3,8% nesse período.
Os bens de consumo semi e não duráveis cresceram 0,9%, mantendo dois meses consecutivos de avanço, enquanto os bens de consumo duráveis avançaram 0,6%, acelerando frente a julho (0,3%) e junho (0,2%).
A única categoria negativa foi bens de capital, com queda de 1,4%, intensificando a retração do mês anterior (-0,2%).
Na comparação anual, três categorias apresentaram queda: bens de consumo semi e não duráveis (-5,1%), bens de capital (-5%) e bens de consumo duráveis (-4%). Os bens intermediários cresceram 2% frente a agosto de 2024.
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Desempenho na média móvel trimestral
O índice de média móvel trimestral apresentou variação positiva de 0,3% no trimestre encerrado em agosto, após quedas em julho (-0,2%) e junho (-0,4%).
Bens intermediários (+0,5%) e bens de consumo duráveis (+0,4%) registraram crescimento, enquanto bens de capital (-0,3%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,1%) apresentaram retração.
Na comparação anual, 15 setores registram queda
Na comparação anual com agosto de 2024, 15 dos 25 ramos industriais registraram queda, afetando 53 dos 80 grupos e 56,8% dos 789 produtos pesquisados.
Os principais recuos vieram de produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-4%), produtos de metal (-7,9%), produtos de madeira (-18,4%), eletrônicos e equipamentos de informática (-8,8%), produtos químicos (-2,3%), artefatos de couro e calçados (-9,6%), veículos automotores (-2,2%), bebidas (-4,9%) e máquinas e materiais elétricos (-5,9%).
Entre os setores que avançaram, destacaram-se indústrias extrativas (+4,8%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+8,2%), celulose e papel (+5,2%), produtos do fumo (+30,9%), têxteis (+7,2%), produtos alimentícios (+0,6%) e impressão e gravações (+15,6%).
Nos bens intermediários, houve crescimento em indústrias extrativas (+4,8%); derivados de petróleo e biocombustíveis (+3,5%); alimentos (+3,4%); veículos e carrocerias (+4,6%); celulose e papel (+6,4%); têxteis (+10,5%); e máquinas (+0,5%), enquanto produtos de metal (-8,6%); minerais não metálicos (-2,8%); químicos (-1,7%); borracha e plásticos (-1,4%); insumos de construção (-4,3%); e embalagens (-7,1%) recuaram.
Os bens de consumo semi e não duráveis caíram 5,1%, pressionados por carburantes (-13,5%); semiduráveis (-8,8%); e alimentos e bebidas (-2,2% e -4,3%), com destaque positivo para não duráveis (+1,3%) devido a medicamentos e revistas impressas.
Os bens de capital recuaram 5%, principalmente equipamentos de transporte (-10,2%) e industriais (-4,1%), enquanto bens agrícolas (+13,1%), construção (+5,2%) e uso misto (+0,4%) avançaram.
Entre os bens de consumo duráveis, a queda anual foi de 4%, com recuos em eletrodomésticos da linha marrom (-21,8%), automóveis (-3,1%), linha branca (-8,7%) e móveis (-6,2%), enquanto motocicletas (+14,8%) e outros eletrodomésticos (+2,3%) registraram alta.
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Crescimento industrial em 2025
Para o crescimento de 0,9% da indústria até agosto, as principais contribuições vieram de: indústrias extrativas (+3,9%); máquinas e equipamentos (+6,7%); veículos automotores, reboques e carrocerias (+3,6%); produtos químicos (+2,6%); metalurgia (+3%); produtos têxteis (+10,7%); e manutenção, reparação e instalação de máquinas (+9,1%).
Entre os setores com queda, destacaram-se produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-3,9%).