Os brasileiros já pagaram mais de R$ 3 trilhões em impostos desde o início de 2025, segundo registro do impostômetro às 12h desta terça-feira (7).
A marca foi alcançada 25 dias antes do registro do ano passado, em 1º de novembro, às 16h29, revelando uma arrecadação acelerada dos tributos.
Em 7 de outubro de 2024, o Impostômetro marcava uma arrecadação de R$ 2,743 trilhões, aproximadamente 9,37% menor que o patamar registrado hoje.
O valor inclui impostos, taxas e contribuições pagos aos governos federal, estaduais e municipais, além de multas, juros e correção monetária.
- 🔥 Seu dinheiro pode render mais! Receba um plano de investimentos gratuito, criado sob medida para você. [Acesse agora!]
Por que a arrecadação de impostos aumentou
Segundo Ulisses Ruiz De Gamboa, economista do Instituto Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), essa antecipação do patamar de impostos arrecadados é resultado de uma combinação de fatores, como o aquecimento da atividade econômica e a inflação.
“O sistema tributário brasileiro é fortemente baseado em tributos sobre o consumo, que incidem diretamente sobre os preços de bens e serviços”, explica De Gamboa.
De acordo com a ACSP, outras medidas que contribuíram para o aumento da arrecadação incluem:
- Tributação de fundos exclusivos e offshores
- Mudanças nas regras de subvenções concedidas por estados
- Retomada da tributação sobre combustíveis
- Cobrança de impostos sobre apostas on-line (Bets)
- Taxação de encomendas internacionais, como a chamada “taxa das blusinhas”
- Reoneração gradual da folha de pagamentos
- Fim dos incentivos fiscais ao setor de eventos (PERSE)
- Aumento de alíquotas do ICMS
- Elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras)
Arrecadação de impostos vs. gastos públicos
Segundo a Ga$to Brasil, que compartilha dados com o Impostômetro, até o momento os gastos públicos somam R$ 3,9 trilhões, enquanto a arrecadação tributária chega a R$ 3 trilhões.
A plataforma tem como objetivo mostrar como o governo utiliza o dinheiro público de forma clara e acessível, incentivando a sociedade a acompanhar os gastos públicos.
De Gamboa avalia que “esse desequilíbrio entre arrecadação e despesas primárias é preocupante, porque mostra que o Brasil está operando no vermelho mesmo antes de pagar os juros da dívida. Isso compromete a sustentabilidade fiscal e pressiona ainda mais a necessidade de ajustes estruturais nas contas públicas.”
O painel físico do Impostômetro fica na Rua Boa Vista, 51, no prédio da sede da ACSP, centro histórico de São Paulo, e pode ser acompanhado em tempo real pelo site do Impostômetro.
- 💰 Seu dinheiro escapa e você nem percebe? Baixe grátis a planilha que coloca as finanças no seu controle!
Arrecadação está além da capacidade do país emergente
Ulisses Ruiz De Gamboa destaca que o Brasil tem uma carga tributária muito além da sua capacidade de pagamento como país emergente.
“Nós temos uma carga tributária de quase 40% do PIB, que é equivalente à carga tributária da Grã-Bretanha, sendo que a nossa renda por habitante é muito menor do que a renda da Grã-Bretanha e de outros países também com grande carga tributária.”
De Gamboa atribui esse desequilíbrio ao tamanho “excessivamente grande do Estado brasileiro”, considerando que o país tem quase metade do PIB em gasto, o que afeta negativamente o crescimento econômico, inviabilizando uma série de iniciativas, além de reduzir o poder aquisitivo da população.
Reforma tributária deve impactar comércio e serviços
Sobre a reforma tributária, cujo projeto avança no Congresso, De Gamboa afirma que não deve mudar o perfil do sistema tributário brasileiro, que é muito baseado em consumo.
“É normal que um país emergente tenha uma tributação baseada no consumo, mas nós normalmente estamos além da média. E a reforma tributária vai manter esse padrão do sistema tributário brasileiro”, explica.
No entanto, o especialista alerta sobre o impacto das novas formas de tributação por meio do IBS e CBS sobre o setor de serviços e comércio: “A carga tributária para o setor serviços e para o comércio vai aumentar de uma forma expressiva. E isso é uma preocupação porque são os setores mais importantes da economia e que mais empregam pessoas. Esse aumento de carga vai significar uma menor produção, um menor investimento produtivo nesses setores e menor geração de empregos ao longo do tempo.”
- ⚡ A informação que os grandes investidores usam – no seu WhatsApp! Entre agora e receba análises, notícias e recomendações.
De Gamboa explica que o efeito não será imediato, mas como uma das principais consequência vai aumentar a complexidade do sistema tributário nesse período de transição, uma vez que as empresas vão ter que conviver com os dois sistemas tributários durante ao menos oito anos previstos.
“Isso vai aumentar a complexidade e vai onerar também as empresas, principalmente as micro e pequenas empresas, que têm uma representatividade muito grande no comércio e no setor serviços e no país como um todo. E são empresas que não têm lastro para ter despesas com assessoria tributária, com assessoria contábil e que vão terminar precisando de tudo isso e até de uma infraestrutura computacional que hoje não se encontra presente”, finaliza.