A Avenue, plataforma de investimentos internacionais para brasileiros vai liberar para seus clientes a partir de novembro a stablecoin USDC, moeda digital lastreada em dólar americano e emitida pela Circle.
A iniciativa oferece aos clientes brasileiros uma forma de dolarizar recursos e realizar transações internacionais de forma mais rápida e com custos menores que as tradicionais operações cambiais.
O USDC é uma das stablecoins mais utilizadas no mundo e mantém a proporção de 1:1 em relação ao dólar, garantindo que cada unidade da moeda digital seja equiparada a um dólar físico.
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Fernando Cesário, diretor de Banking da Avenue, diz que a introdução da moeda digital permitirá que a Avenue continue expandindo o alcance internacional de seus serviços.
“Acreditamos que essa evolução nos permitirá continuar redefinindo a forma como os brasileiros se conectam com os mercados globais — ampliando o acesso, aumentando a transparência e fortalecendo a confiança no sistema financeiro. A parceria com a Circle reforça nossa visão de liderar a transformação internacional dos serviços financeiros para os brasileiros e moldar o futuro das finanças sem fronteiras”, acrescentou.
Stablecoins ganham espaço como ferramenta de dolarização
O lançamento da stablecoin (USDC) pela Avenue ocorre em um momento em que as stablecoins (conhecidas como moedas estáveis) se consolidam como uma das principais inovações do mercado financeiro digital.
Criadas para manter paridade com moedas tradicionais, essas criptomoedas funcionam como uma ponte entre o sistema financeiro convencional e o universo das finanças descentralizadas.
Enquanto o mundo avança na criação de moedas digitais oficiais, a stablecoin ganha força como ferramenta para reduzir custos e tempo em operações de câmbio e transferências internacionais. Essas moedas unem a tecnologia blockchain à segurança de ativos lastreados em reservas reais, como dólares e títulos públicos de curto prazo.
Daniel Mangabeira, vice-presidente de Políticas e Estratégia Regulatória da Circle no Brasil, destaca que a integração da Avenue com o USDC tem potencial para ampliar o acesso dos investidores à economia global.
“O USDC foi desenvolvido para conferir estabilidade, transparência e liquidez que os brasileiros esperam em suas vidas financeiras”, afirmou. “A integração da Avenue com USDC pode auxiliar seus clientes a conectarem-se com a economia global de forma simples”.
Como funcionam as stablecoins
Uma stablecoin é emitida por empresas privadas, mas lastreada em reservas reais, o que garante seu valor estável. Essa característica as diferencia das criptomoedas voláteis, como o Bitcoin, cujo preço oscila conforme a oferta e demanda de mercado.
A tecnologia blockchain, base desse modelo, permite transferências quase instantâneas, disponíveis 24 horas por dia, com taxas menores que as operações cambiais tradicionais.
O economista e consultor da Remessa Online, André Galhardo, reforça que “o uso dessas moedas vem crescendo especialmente em transferências internacionais e pagamentos entre empresas, em que a velocidade e o custo são determinantes.”
Galhardo ressalta ainda que para consumidores e profissionais que recebem em outras moedas, a stablecoin deve significar um avanço importante, desde que seja feito por meio de plataformas reguladas e seguras.
Stablecoins, o fenômeno do “depeg” e a necessidade de regulação
Apesar dos benefícios, Galhardo alerta que a transparência sobre as reservas das stablecoins é essencial para garantir sua estabilidade. “Quando a empresa emissora não mantém a transparência sobre as reservas, a stablecoin pode ‘perder o lastro’, fenômeno conhecido como depeg”, explicou.
Ele também destacou a importância dos canais de conversão, conhecidos como on/off-ramps, que permitem trocar reais por moedas digitais e vice-versa, seguirem as normas de prevenção à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo (PLD/FT).
Segundo Galhardo, o avanço regulatório em mercados como Europa e Estados Unidos tem impulsionado o interesse global, especialmente em remessas e pagamentos B2B (entre empresas).
Ao mesmo tempo, cresce a preocupação de bancos com a possibilidade de dolarização parcial de nichos e com a manutenção de saldos digitais fora do sistema financeiro local. Para mitigar riscos, o setor defende padrões mais rígidos de reservas e auditorias.
No caso do Brasil, Galhardo avalia que a tendência é de convivência entre soluções: stablecoins voltadas a fluxos internacionais específicos, e, no mercado interno, Pix, Drex e depósitos tokenizados operando sob o mesmo princípio — eficiência com segurança e conformidade regulatória.
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Stablecoins e as moedas digitais de bancos centrais
O avanço das stablecoins ocorre em paralelo ao desenvolvimento das moedas digitais de bancos centrais (CBDCs). Atualmente, mais de 130 países estudam ou testam suas versões oficiais, incluindo o Drex, projeto do Banco Central do Brasil.
O economista André Galhardo avalia que as stablecoins devem seguir crescendo como uma alternativa eficiente para operações internacionais, por oferecerem liquidação quase imediata e custos menores em comparação ao câmbio tradicional.
A expectativa é de que ambas as tecnologias coexistam: as stablecoins sendo usadas em fluxos internacionais e operações corporativas: “Elas diferem das criptomoedas voláteis por manterem paridade com moedas fortes, como o dólar, e competem com soluções em evolução, como as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) e os depósitos tokenizados”, explicou.
