O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o país deve reduzir “algumas tarifas sobre importações de café”. A declaração ocorreu durante a entrevista ao programa The Ingraham Angle, da Fox News, na noite desta terça-feira (11), segundo a agência Reuters.
“Vamos baixar as tarifas sobre o café e teremos algum café entrando [nos EUA]”, disse Trump. O republicano, no entanto, não especificou a taxa de redução ou os países que serão beneficiados com a medida.
O Brasil é o principal fornecedor de café aos Estados Unidos e vem negociando a retirada da tarifa de 50%, em vigor desde agosto, quando os EUA impuseram sobretaxas de até 50% a uma série de produtos brasileiros, como café, carne e aço.
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Trump indicou que as mudanças nas tarifas serão “cirúrgicas”, com exceções aplicadas a produtos que não são produzidos em escala suficiente nos Estados Unidos, categoria na qual o café foi incluído em setembro.
Para exportadores e investidores, a possível redução tarifária representa um movimento importante para aliviar pressões de custos no mercado americano e recuperar parte da competitividade do café brasileiro no principal destino das exportações do setor.
Brasil é o principal exportador de café aos EUA
Os Estados Unidos são o maior importador mundial de café, com cerca de 24 milhões de sacas consumidas por ano.
Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), em 2024, o Brasil forneceu 8,1 milhões de sacas ao mercado americano.
Em 2024, as exportações brasileiras de café para os EUA somaram US$ 1,96 bilhão, o equivalente a cerca de um terço do consumo global.
No acumulado deste ano até setembro, o Brasil embarcou 4,36 milhões de sacas ao país, uma queda de 24,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. O produto representa 5,3% das exportações brasileiras para os Estados Unidos, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Tarifaço também pressiona o mercado americano
Desde a adoção das tarifas, as exportações brasileiras de café aos EUA caíram 46% em agosto e 52,8% no mês seguinte, de acordo com o Cecafé.
Dados informados pelo Conselho revelam que a medida também pressionou os preços internos nos Estados Unidos. O café foi um dos produtos que mais encareceram em 12 meses até setembro, com alta de 18,9% no café torrado e moído.
Nas cafeterias de Nova York, o aumento ao consumidor chega a 55%, em meio à redução de 53% nas importações de café brasileiro que ocorrem desde setembro.
Negociações sobre tarifas após encontro entre Lula e Trump
A fala de Trump ocorre em meio às negociações bilaterais abertas após o encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em outubro, na Malásia.
Na ocasião, Lula pediu a suspensão total das tarifas impostas aos produtos brasileiros, entre eles o café. O governo brasileiro, porém, admite aceitar reduções por produto caso a isenção integral não seja possível.
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O Itamaraty espera que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reúna ainda esta semana com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, durante a reunião ministerial do G7, no Canadá, para discutir os próximos passos nas negociações.









