A produção industrial brasileira avançou 0,1% em outubro, um mês marcado por avanços pontuais e perdas relevantes em setores de peso, conforme aponta a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (2).
O resultado veio abaixo da projeção do mercado, que esperava um aumento de 0,5%, e mantém o quadro de ritmo moderado na atividade manufatureira.
O desempenho segue um cenário de volatilidade: em setembro, a indústria havia recuado 0,4%, enquanto na comparação anual a produção recuou 0,5%, contrariando a estimativa de alta de 0,2%. No acumulado do ano, o setor avança 0,8%, e no acumulado dos últimos 12 meses, 0,9%.
Com o resultado de outubro, a indústria opera 14,8% abaixo do pico histórico registrado em maio de 2011 e 2,4% acima do nível pré-pandemia, observado em fevereiro de 2020.
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Na análise do economista Maykon Douglas, o dado da indústria em outubro “é mais um caso em que o número em si não conta toda a história”, considerando que o setor voltou a cair na comparação anual e, o impacto do setor extrativo na margem, que costuma ser bastante volátil, foi menor que o esperado.
O especialista pontua que o carry-over (transferência) para a indústria geral neste quarto trimestre é de apenas 0,1%, sendo que para o setor de transformação é de -0,4%, considerados “números bem tímidos”.
Indústria extrativa interrompe sequência negativa na produção industrial
Entre as quatro grandes categorias econômicas, três cresceram na passagem de setembro para outubro. Entre os 25 ramos industriais pesquisados, 12 avançaram.
A principal influência positiva veio da indústria extrativa, com alta de 3,6%, após dois meses seguidos de queda que somaram retração de 1,7%. Outros ramos que contribuíram para o resultado foram:
- Produtos alimentícios: +0,9%
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: +2%
- Produtos químicos: +1,3%
- Informática, eletrônicos e ópticos: +4,1%
- Confecção e vestuário: +3,8%
Maykon Douglas explica que há algum tempo a indústria doméstica opera em dois trilhos, com alguns bons resultados no setor extrativo e uma grande fraqueza na indústria de transformação, mais sensível às condições dos juros.
Com o aperto monetário em curso pelo Banco Central, segundo ele, a tendência é que essa trajetória se mantenha nos próximos meses.
Setores de peso recuam e afetam média da indústria
Treze das 25 atividades pesquisadas recuaram no mês. As quedas mais fortes ocorreram em:
- Coque, derivados de petróleo e biocombustíveis: –3,9%, ampliando a queda de 0,5% de setembro
- Produtos farmoquímicos e farmacêuticos: –10,8%, acumulando retração de 19,8% em dois meses, após crescer 28,6% entre maio e agosto.
Esses segmentos têm forte peso na estrutura produtiva e ajudaram a limitar o avanço total da indústria.
Bens de consumo duráveis lideram altas em outubro
Entre as grandes categorias econômicas, o destaque foram os bens de consumo duráveis, com alta de 2,7%, revertendo a queda de 1,3% observada em setembro.
Também avançaram as categorias de bens de capital (+1%) e bens de consumo semi e não duráveis (+1%), após leve queda de 0,1% no mês anterior.
O único recuo veio dos bens intermediários, de 0,8%, intensificando a queda de 0,4% de setembro.
Média móvel trimestral mostra estabilidade na produção industrial
A média móvel trimestral subiu 0,1% no trimestre encerrado em outubro, repetindo os avanços de agosto e setembro, após dois meses de queda (junho e julho).
Por categoria econômica:
- Bens de consumo duráveis: +0,7%
- Bens de consumo semi e não duráveis: +0,6%
- Bens intermediários: –0,1%
- Bens de capital: –0,1% (sexta queda consecutiva, acumulando –2,6% no período)
Já em relação a outubro de 2024, o setor registrou recuo de 0,5%, atingindo 3 das 4 grandes categorias econômicas, 15 dos 25 ramos, 53 dos 80 grupos industriais e 53% dos 789 produtos pesquisados.
O mês teve o mesmo número de dias úteis que outubro de 2024, o que elimina distorções desse tipo.
Dinâmica da produção industrial em 2025
No acumulado de 2025 até outubro, a categoria apresenta alta de 3,9%, acima da expansão de 0,8% da indústria como um todo.
Movimento semelhante aparece no resultado dos últimos 12 meses: a produção de bens duráveis avança 5,5%, enquanto a indústria geral cresce 0,9%.
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O CEO da Azumi Investimentos, Edgar Araújo, avalia que o crescimento de 0,1% na indústria confirma um ritmo moderado, porém estável da atividade econômica brasileira. Segundo ele, a indústria segue sensível ao crédito caro, mas mantém a capacidade de adaptação, com alguns segmentos mostrando reação mais forte.
Araújo, portanto, endossa a projeção do economista, de que nos próximos meses haja um movimento semelhante, com avanço gradual e dependente da trajetória da inflação e do custo de financiamento.
Já numa perspectiva para o mercado, para ele o resultado de outubro revela um ambiente de seletividade, no qual estruturas de investimento, análise rigorosa de risco e disciplina na alocação tornam-se ainda mais relevantes.
“Em momentos de atividade moderada, quem investe com método e visão clara tende a capturar valor enquanto o ciclo se reorganiza”, conclui.









