A China informou ao governo brasileiro nesta segunda-feira (29) que pretende adotar cotas para a importação de carne bovina, com aplicação de tarifa de 55% sobre volumes que excederem o limite autorizado.
De acordo com o plano apresentado, haverá uma quantidade anual que poderá entrar no país asiático sem cobrança adicional, enquanto o excedente ficará sujeito à tarifa.
A expectativa é que a China apresente oficialmente os detalhes da medida nesta quarta-feira (31). Atualmente o país concentra cerca de metade das exportações brasileiras de carne bovina.
Além disso, a China poderá divulgar até o fim de janeiro se aplicará salvaguardas, instrumento que permite restringir importações quando há risco de prejuízo à produção doméstica.
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Brasil deve liderar exportação à China sem tarifa
O Brasil deverá receber a maior cota de exportação, estimada em 1,1 milhão de toneladas por ano. A Argentina ficaria com o segundo maior volume, de 510 mil toneladas.
Também estão previstos limites específicos para outros fornecedores: Uruguai, com 320 mil toneladas; Austrália e Nova Zelândia, com 200 mil toneladas cada; e Estados Unidos, com 160 mil toneladas.
FPA avalia reação com base em lei de reciprocidade
No Brasil, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) analisa se pressionará o governo federal para aplicar a Lei de Reciprocidade Econômica. A norma autoriza o país a adotar medidas comerciais em resposta a barreiras impostas por parceiros.
Entre as alternativas debatidas está a imposição de restrições à importação de carros elétricos de origem chinesa, caso a tarifa sobre volumes fora da cota seja considerada elevada ou o limite sem imposto seja visto como reduzido.
Sanções da China e impactos no mercado pecuário
Segundo Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), a criação de cotas pode alterar a demanda por gado no mercado interno.
“Se a China colocar uma cota, teremos que exportar menos para lá e pode ser que precise de menos boi, o que levará o preço a cair, sobra boi e sobe a escala”, explica.
O dirigente afirma ainda que, se o ritmo de compras permanecer dentro da normalidade, pode haver tendência de alta de preços.
“Hoje o viés da China é de diminuir um pouco o volume, seja através de cotas ou seja através de intensificação e fiscalização na fronteira, pois querem fazer uma defesa da produção nacional”, comentou.
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Exportações seguem em patamar elevado
Em 2024, o Brasil embarcou cerca de 1,3 milhão de toneladas de carne bovina para a China, principal destino da proteína nacional. Em 2025, o volume deve atingir novo recorde.
Até novembro, as exportações somaram mais de 1,5 milhão de toneladas, com receita aproximada de US$ 8 bilhões.

