Na tarde desta terça-feira (6), o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) afirmou ter encaminhado à Câmara Municipal o projeto de lei que trata da criação de uma nova bolsa de valores no estado. O anúncio foi feito no X (antigo Twitter). A ideia visa desenvolver uma rivalidade saudável para a B3.
A primeira bolsa de valores do estado foi inaugurada em 1851, com negociações sendo feitas nas ruas, nas chamadas Praças de Comércio. As operações se estenderam até dezembro de 2000, quando se unificou com a Bovespa, sediada em São Paulo e que futuramente tornou-se a B3.
Desenvolvimento de nova bolsa de valores carioca
Segundo Paes, a ideia de se criar uma nova Bolsa de Valores no Brasil é encarada como uma forma de incentivar a competição saudável e o livre mercado. O projeto de lei encaminhado à Câmara corrobora com as recentes sondagens de empresas a fim de abrir bolsas no país.
O texto enviado pelo prefeito da cidade também citou a importância da criação de um novo mercado de ações no Rio de Janeiro, mencionando também que este novo posicionamento pode aumentar a arrecadação municipal.
“A instalação de uma nova bolsa de valores seria um verdadeiro marco para a Cidade, posicionando novamente o Rio de Janeiro no epicentro do setor financeiro, que hoje desempenha um papel ainda mais relevante para a economia de todo o país”, afirma Paes.
Além disso, uma nova bolsa de valores tem capacidade para atrair um número elevado de novos contribuintes para o município, já que o ecossistema do mercado financeiro exige serviços dos mais variados segmentos.
ATG é a maior interessada
A Americas Trading Group (ATG), companhia da gestora de recursos Mubadala Capital, que opera sistemas eletrônicos de negociação de ações, é a maior interessada em assumir as operações de uma nova bolsa brasileira. No primeiro momento, a empresa atualmente visa uma ampliação no volume de negócios antes de entrar em conflito a B3.
Claudio Pracownik, presidente pela ATG, garante que a ideia principal de uma nova bolsa é aumentar as negociações, trazendo grandes investidores internacionais que atualmente não possuem uma entrada facilitada no Brasil. Em entrevista ao Valor Econômico, ele disse que ambas as bolsas precisam andar lado a lado em prol do mercado.
O interesse da empresa em atuar no Brasil é antigo e o desejo é que até dezembro deste ano todos os sistemas estejam prontos para teste e no final de 2025 as operações comecem na nova bolsa. O nome provisório da nova bolsa seria ATS (American Trading Service).
A companhia também teria o seu próprio serviço de clearing (compensação e liquidação de ordens de compra e venda eletrônicas), chamado provisoriamente de American Clearing Service (ACS). Todas as regulamentações ainda precisarão das aprovações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Banco Central.
Saída de estrangeiros da bolsa
Atualmente, a bolsa de valores brasileira tem passado por um momento de desconfiança. Não só pela série de pregões em baixa, mas também pela forte saída de estrangeiros. Foram mais de R$ 34 bilhões sacados ao longo dos primeiros cinco meses.
Em maio, houve uma saída de R$ 1,6 bilhão em uma reviravolta na última semana do mês que fez com que o saldo ficasse negativo mais uma vez, puxado principalmente por questões políticas e do mercado financeiro, que impactaram diretamente algumas das principais empresas da bolsa, como a troca de presidência da Petrobras.