As taxações pelo Remessa Conforme (programa da Receita Federal que determina cobrança de impostos para compras internacionais) têm assustado diversos sites que importavam da China, Taiwan e outros países asiáticos. Com a nova regra, diversas plataformas tiveram que se adequar ao programa, oferecendo o preço da taxa já inclusa no momento da compra, para evitar pendências com os Correios e com a Receita Federal (evitando que a mercadoria volte ao país de origem).
Como a Shopee se saiu bem nisso?
Acontece que, quem se “preveniu” e fez seu marketplace nacional, acabou se dando bem — é o caso da Shopee.

Mesmo antes da taxação, o e-commerce abriu espaço para quem quisesse abrir sua loja dentro da plataforma, assim trazendo diversos setores para seu site.
Até mesmo na área nacional da Shopee, é possível encontrar de tudo: roupas, eletrônicos, cosméticos, produtos para pet, etc. Também há uma divisão entre produtos “novos” e “usados”. Toda essa variedade de produtos e envios acabou beneficiando a Shopee, especialmente agora.

Essas mercadorias nacionais são isentas das taxas do Remessa Conforme e, sendo assim, não precisam passar pelas pendências da Receita Federal. Vale lembrar que, conforme já noticiado pelo Monitor do Mercado, a Shopee se mostrou a favor da taxação, defendendo o “empreendedorismo brasileiro e o ecossistema de e-commerce no país”.
Segundo relatório do BTG Pactual, publicado nesta terça-feira (9), a Shopee “está fortalecendo sua plataforma local para enfrentar uma concorrência mais acirrada no país, especialmente após a chegada da Temu”.
O e-commerce, que atua no Brasil desde 2019, diz que “90% de seus vendedores são locais e 80% dos produtos vendidos na plataforma são fabricados no Brasil, o que lhe dá uma vantagem competitiva em relação ao imposto de importação de 20% recentemente aprovado para remessas internacionais abaixo de US$ 50”.
E o AliExpress?
O caso do AliExpress é diferente, e a plataforma acabou “ficando para trás” em meio à taxa. Para exemplificar, o e-commerce, que era altamente procurado pelo público gamer (amantes de jogos on-line) por ofertar peças de computador a preços baixos, tornou-se “inviável” para compras.

A varejista, fundada em 2010, teve de se reinventar para não sair no prejuízo no país. Há duas semanas, o AliExpress anunciou que faria uma parceria com a Magalu (MGLU3) para fundir seus respectivos marketplaces. Assim, as plataformas terão maior variedade de produtos a serem ofertados aos consumidores.
Shein
Apesar da Shein também ter aderido ao programa do Remessa Conforme, o e-commerce chegou a se manifestar anteriormente, dizendo que o imposto de importação “nunca teve função arrecadatória” e que “a decisão de taxar remessas internacionais não é a resposta adequada, por impactar diretamente a população brasileira”.
Assim como a Shopee, a Shein também possui um marketplace com produtos brasileiros, e tenta fortalecê-lo.
Chegada em péssima hora
A Temu, que chegou ao Brasil nesse semestre, parece não ter chegado em boa hora diante de todo esse cenário. A plataforma, que pretendia rivalizar com a Shopee e a Shein, já chegou ao país tendo que se adequar ao Remessa Conforme.
Apesar de tentar ofertar preços baixos e descontos, a Temu ainda não “ganhou o coração” dos brasileiros, uma vez que a concorrência é forte. O e-commerce ainda mantém sua gama de produtos restrita ao mercado internacional, não tendo um marketplace no Brasil e precisando lidar com a “taxa da blusinha”.
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