O dólar fechou esta terça-feira (29) em queda de 0,31%, a R$ 5,63. Esta foi a oitava sessão consecutiva de recuo da moeda americana no Brasil, mesmo com o dólar operando em alta no exterior e com a queda de mais de 2% nas cotações do petróleo.
Segundo operadores, a queda do dólar tem sido impulsionada por fluxo estrangeiro tanto para a bolsa quanto para o mercado de renda fixa. Também há entrada de recursos por parte de exportadores, que estão internalizando dólares diante da expectativa de maior valorização do real.
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Na B3, os investidores estrangeiros injetaram R$ 7,6 bilhões na bolsa entre 17 e 25 de abril. Apesar da recuperação recente, o saldo do mês ainda é negativo em R$ 3,363 bilhões. No ano, o fluxo estrangeiro é positivo em R$ 7,379 bilhões.
A moeda norte-americana acumula desvalorização de 4,40% nos últimos oito pregões. Em abril, o recuo é de 1,31%, e no acumulado do ano, de 8,89%.
Real atrai com juros altos e bolsa descontada
O cenário local de juros elevados também fortalece o real. Com expectativa de nova alta da Selic na próxima reunião do Banco Central, marcada para 7 de maio, o Brasil oferece retorno atrativo para operações de carry trade — estratégia que consiste em captar recursos em países com juros baixos e aplicar em mercados com juros mais altos.
Incerteza nos EUA e política de Trump
O movimento global de reavaliação de carteiras também favorece moedas de países emergentes, como o real. Investidores têm reduzido exposição a ativos dos Estados Unidos diante do aumento das incertezas econômicas.
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Dados divulgados nesta terça reforçam esse cenário. O relatório Jolts, que mede a abertura de vagas de emprego nos EUA, mostrou criação de 7,192 milhões de postos em março, abaixo das expectativas. Além disso, o índice de confiança do consumidor caiu de 92,9 em março para 86 em abril.
Em entrevista ao Estadão Broadcast, Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, avaliou que os dados apontam para uma perda de tração da economia americana. Isso pode abrir espaço para o Federal Reserve cortar os juros em breve, o que tende a favorecer moedas emergentes.
Hoje, o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva para aliviar parte das tarifas de 25% sobre carros produzidos nos EUA. Ele também afirmou estar em negociações comerciais com Índia e Austrália.