Uma parada rotineira em um posto de gasolina para abastecer pode se transformar em um grande prejuízo. Criminosos disfarçados de frentistas se aproveitam da boa-fé dos motoristas para aplicar o Golpe do Falso Problema no Motor, uma fraude que visa o lucro através do medo e da desinformação.
Este guia explica como essa tática de engenharia social funciona e como se prevenir.
O que é o golpe do falso problema no motor?
É uma fraude presencial na qual um frentista, geralmente muito solícito e simpático, alega ter encontrado um problema grave e urgente no motor do carro da vítima. O suposto defeito quase sempre está relacionado ao óleo, à água do radiador ou a outras peças do motor.
O objetivo do golpista é assustar o motorista com o risco de uma falha catastrófica no motor. Com a vítima sob pressão, ele a convence a comprar produtos ou a pagar por serviços desnecessários com preços superfaturados.

Como os golpistas aplicam o golpe?
A fraude começa com a oferta de uma cortesia. Enquanto o carro abastece, o frentista oferece para “verificar a água e o óleo, sem compromisso”. Com o capô aberto e fora da vista do motorista, o golpista utiliza truques para simular um problema.
Ele pode, por exemplo, sujar a ponta da vareta de óleo com uma graxa ou borra que já tinha em mãos para fazer o óleo do motor parecer perigosamente contaminado. Outra tática é borrifar água com óleo em alguma parte do motor para simular um vazamento. Em seguida, ele mostra o “problema” à vítima e, usando jargões técnicos, a pressiona a aceitar uma solução imediata e cara.
Quais são os principais sinais de alerta para não cair?
O principal sinal de alerta é a insistência e a proatividade excessiva do frentista em verificar itens do motor. Desconfie de diagnósticos alarmistas e muito rápidos, feitos sem qualquer equipamento de análise.
Fique atento a “provas” que ele lhe mostre, como uma vareta de óleo extremamente suja ou um pano manchado, pois podem ter sido preparados para enganar. Um mecânico sério não condena um motor com uma simples olhada. Nunca se sinta pressionado a tomar uma decisão mecânica cara e imediata em um posto de gasolina.
Quem é o público-alvo mais comum deste golpe?
Motoristas com pouco conhecimento sobre mecânica automotiva são os alvos preferidos, pois têm mais dificuldade em contestar um diagnóstico técnico. Os golpistas miram frequentemente em mulheres e idosos, partindo do preconceito de que estes grupos são menos familiarizados com o funcionamento de um carro e, portanto, mais fáceis de enganar.
Fui vítima! O que fazer imediatamente após cair no golpe?
Se você pagou por um serviço e depois desconfiou da fraude, ainda é possível tomar algumas providências importantes.
- Procure uma segunda opinião profissional: Leve seu carro imediatamente a um mecânico da sua confiança. Peça que ele verifique o que foi feito e se o produto aplicado pode causar algum dano real ao veículo. Guarde o laudo ou a opinião dele.
- Guarde o comprovante de pagamento: A nota fiscal ou o recibo do cartão de crédito é a principal prova da transação e contém os dados do posto de gasolina.
- Faça uma denúncia no Procon: O Procon é o órgão de defesa do consumidor. Registre uma reclamação detalhando a prática abusiva e a venda casada de serviços, o que é proibido por lei.
- Registre um boletim de ocorrência (B.O.): Dirija-se à delegacia da Polícia Civil para registrar o crime de estelionato. Leve todas as provas que tiver, como o recibo e, se possível, o nome do frentista.
- Alerte outros consumidores: Deixe uma avaliação detalhada sobre o ocorrido em aplicativos de mapas e em sites de reclamação. Isso ajuda a evitar que outras pessoas caiam no mesmo golpe, no mesmo local.
Dicas de prevenção: como se proteger permanentemente?
A prevenção a este golpe depende de uma única atitude: assertividade. A regra de ouro é recusar educadamente qualquer oferta para verificar itens do motor. Agradeça e diga que você mesmo faz essa checagem ou que seu mecânico de confiança já cuida disso.
Dê preferência a postos da sua confiança ou de bandeiras conhecidas. Caso precise realmente completar o óleo, peça o produto lacrado na embalagem e, se possível, acompanhe o frentista durante todo o procedimento, sem permitir que ele “inspecione” outras partes do motor.
Conclusão: mantenha-se seguro e informado
Um posto de gasolina é um local para abastecimento, não uma oficina mecânica. Deixe os cuidados com a saúde do seu carro para profissionais qualificados e em quem você confia. Aprender a dizer um firme e educado “não, obrigado” é a ferramenta mais eficaz para se proteger de oportunistas.