A Ambev (ABEV3) registrou lucro líquido de R$ 2,79 bilhões no segundo trimestre de 2025, alta de 13,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar disso, os volumes de venda de cerveja no Brasil recuaram 8,9%, impactando a operação da companhia em seu principal mercado.
Segundo a empresa, dois fatores explicam o movimento: temperaturas mais baixas nas regiões Sul e Sudeste — que respondem por quase 60% da indústria — e decisões estratégicas de gestão de receita, com foco na rentabilidade do portfólio. Junho concentrou mais de 60% da queda no volume.
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Nesta manhã, as ações ABEV3 recuavam mais de 6% após a abertura do pregão, liderando entre as maiores perdas do Ibovespa. Às 11h10, a companhia reduzia a queda para 4,71%, aos R$ 12,51, enquanto o Ibovespa cai 0,90%, aos 132.787 pontos.
Foco em rentabilidade afeta segmento mainstream da Ambev
A Ambev informou que as perdas de volume ocorreram principalmente no segmento mainstream (cervejas de preço intermediário). O movimento é consequência da maior sensibilidade desses produtos ao ambiente de consumo mais fraco e às estratégias comerciais da própria empresa.
A empresa priorizou o aumento de receita por hectolitro (ROL/hl), que cresceu 6,2% em Cerveja Brasil, mesmo com retração no volume. Em contrapartida, marcas premium e super premium como Corona, Original e Stella Artois cresceram em dois dígitos e ganharam participação no mercado.
Entre os destaques apontados pela Ambev no balanço, está o crescimento da plataforma BEES, com avanço de 90% no valor bruto de mercadorias (GMV) do marketplace. No Brasil, o número de SKUs (Unidade de Manutenção de Estoque) por ponto de venda subiu 3,4%. Já o Zé Delivery teve alta de 7% no GMV, puxada por aumento no valor médio dos pedidos.
O portfólio de cervejas sem álcool também se destacou. A Stella Pure Gold cresceu mais de 150% no Zé Delivery e já representa 30% do volume da linha Stella Artois. A Michelob Ultra subiu 60% em volume no Brasil.
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América do Sul e Canadá compensam Brasil
Enquanto o Brasil teve retração, a operação na América Latina Sul (LAS) cresceu 2,9% em volume, com recuperação da demanda na Argentina após sete trimestres seguidos de queda. O Canadá também teve desempenho positivo, com expansão de margens.
Na América Central e Caribe, o EBITDA ajustado cresceu 5,9%, com destaque para a melhora na República Dominicana, onde a cerveja ganhou participação frente a outras bebidas alcoólicas.
Citi vê margens pressionadas para ABEV3
O Citi classificou os resultados como operacionais abaixo do esperado. Os volumes consolidados caíram 4,5% no trimestre, com a operação de bebidas não alcoólicas apresentando margem EBITDA negativa.
O banco destaca que, embora o lucro tenha sido impulsionado pelo crescimento do Ebitda, ele foi parcialmente compensado por maiores despesas financeiras líquidas. A recomendação do Citi para a ação permanece neutra, com preço-alvo de R$ 14,50.
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ABEV3 manteve distribuição de dividendos
O caixa da Ambev caiu de R$ 28,6 bilhões em dezembro de 2024 para R$ 16,4 bilhões em junho de 2025. A redução está ligada à queda no volume e à menor geração de capital de giro. A empresa reduziu contas a pagar e viu sua posição de caixa líquido recuar para R$ 14,3 bilhões.
Ainda assim, o conselho aprovou a distribuição de R$ 2 bilhões em dividendos intermediários a serem pagos em outubro, mantendo o compromisso com retorno ao acionista.ando não apenas os números financeiros, mas também as estratégias da empresa, as tendências de mercado e os desafios operacionais.