A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) disse que o preço do aço no Brasil está “relativamente caro” em relação ao custo dos insumos da construção e tem impactado o setor, principalmente nos dois últimos anos após sofrer uma variação de 101%.
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Em nota, a entidade afirma que, como base de comparação, desde 2020, outros insumos tiveram reajustes menores: cimento (+39%) e tijolo e peças cerâmicas (+46%). O próprio dólar variou 38% no período, enquanto o INCC, Indice Nacional de Custo da Construção, subiu 27%. Os dados são do Indice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) da Fundação Getúlio Vargas.
“O custo do aço no Brasil sempre foi um dos mais baratos do mundo, mas agora a situação mudou, principalmente quando comparamos o poder de compra do brasileiro em relação aos imóveis”, diz a publicação, citando dados da pesquisa Numbeo, que aponta que o metro quadrado brasileiro custa cerca de US$ 2 mil, enquanto o americano está na casa dos US$ 15 mil.
Para o presidente da ABRAINC, Luiz França, o impacto do aumento do aço sobre o segmento Casa Verde e Amarela (CVA) é enorme pela magnitude do programa de moradia popular. “Não é correto pensar que essa variação prejudique uma ou outra empresa. Isso é um grande erro, uma vez que o CVA, por exemplo, representa 80% de todas as moradias construídas no Brasil e, com isso, gera anualmente 1,4 milhão de empregos.”
O executivo reforça que uma redução no preço do aço permitiria que o setor ganhasse força e competitividade. “A redução pode ampliar as possibilidades de compras de materiais para o setor da construção, podendo contribuir para atenuar a subida dos custos em um momento em que as famílias de baixa renda estão sofrendo com a alta inflação. A medida estimula não só a produção de moradias como a geração de postos de trabalho”, acrescentou o presidente da associação.
Ontem (10/5), as siderúrgicas representadas pelo Instituto Aço Brasil (IABr) se reuniram com o ministro da Economia Paulo Guedes para rebater os argumentos do setor de construção para reduzir o imposto de importação do vergalhão de aço, de 10,8% para 4% até dezembro. Segundo os dirigentes do IABr, o ministro disse ter sido pressionado pelo setor de construção civil, que alega estar atravessando dificuldades no período da pandemia com a elevação do preço do insumo. As siderúrgicas alegam que as construtoras tiveram crescimento no período e que não há risco de desabastecimento do insumo.
Após a reunião, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) também divulgou nota confirmando a informação de que o governo federal irá lançar nesta quinta-feira (12/5) medida para zerar a alíquota do Imposto de Importação (II) de 11 produtos e bens que integram alimentos da cesta básica e produtos siderúrgicos usados na construção civil, como o aço, como medida para conter os efeitos da pressão inflacionária.
A CBIC também disse que a medida atende uma solicitação de redução da tarifa de importação do aço apresentada em 2021 à Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério da Economia. “A redução do Imposto de Importação do aço e de outros 10 produtos, conforme anunciado, vai ajudar muito a reduzir custos e dar novamente oportunidade às pessoas a adquirem sua casa própria”, comentou o presidente da CBIC, José Carlos Martins, em nota.
Cynara Escobar / Agência CMA
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