A criatividade dos criminosos para explorar a vulnerabilidade dos idosos não tem fim. Além das fraudes já conhecidas, novas abordagens e velhos truques com uma roupagem diferente continuam a fazer vítimas, causando prejuízos financeiros e um profundo abalo na confiança.
Conhecer essas outras armadilhas é essencial. Este guia apresenta mais 3 golpes comuns e reforça o papel da família como o principal escudo de proteção.
A engenharia social focada na terceira idade

Os golpistas continuam a mirar nos idosos por estudarem seu comportamento. Eles sabem que muitos idosos valorizam o atendimento por telefone, são mais educados e propensos a ouvir um interlocutor até o fim, e se preocupam profundamente com a saúde e a regularidade de seus benefícios, como a aposentadoria.
É explorando esses pontos — a confiança, a preocupação com a saúde e o medo de problemas burocráticos — que os criminosos constroem suas narrativas para enganar e roubar.
Mais 3 golpes que merecem sua atenção
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Fique atento a estas fraudes que se disfarçam de oportunidades ou de ajuda e que são muito comuns no dia a dia.
1. O golpe da venda de remédios “milagrosos” por telefone
Nesta fraude, golpistas, se passando por “especialistas de saúde” ou representantes de laboratórios, ligam para os idosos oferecendo produtos “revolucionários”. As promessas são sempre grandiosas: a cura para a artrose, pílulas para “recuperar a memória” ou vitaminas que “revertem o envelhecimento”. Usando uma conversa convincente e citando falsos estudos, eles induzem a vítima a comprar o tratamento, solicitando os dados do cartão de crédito diretamente na ligação para fechar a venda. Os produtos, quando chegam, são placebos sem valor ou, pior, nunca são entregues.
2. O golpe da falsa central do cartão de loja
Muitos idosos possuem cartões de crédito de grandes lojas de departamento. Criminosos se aproveitam disso e ligam, se passando pela central de segurança da loja (C&A, Renner, Casas Bahia, etc.). Eles informam sobre uma “compra suspeita” de alto valor e, para “cancelá-la”, pedem que a vítima confirme todos os dados do cartão, incluindo o número, a data de validade e o código de segurança (CVV). Com as informações em mãos, os próprios golpistas realizam as compras fraudulentas.
3. O golpe da “atualização cadastral” do INSS
Diferente da “prova de vida”, aqui a desculpa é outra. Um falso atendente do INSS ou do banco onde o idoso recebe a aposentadoria liga para a vítima. Ele afirma que é necessário fazer uma “atualização cadastral obrigatória” para que o benefício não seja bloqueado. Com um tom burocrático e profissional, ele pede que a vítima confirme todos os seus dados pessoais e bancários na chamada. O objetivo é roubar essas informações para contratar empréstimos consignados ou abrir contas fraudulentas em nome do aposentado.
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As defesas essenciais: como proteger os idosos da família
A prevenção a esses golpes depende da orientação constante e da criação de um ambiente familiar seguro, onde o idoso não tenha receio de pedir ajuda.
- Estabeleça a regra do “não compre nada por telefone”: Combine com seus pais e avós que nenhuma decisão de compra, especialmente de produtos de saúde, deve ser tomada a partir de uma ligação não solicitada. A orientação é sempre consultar um médico de confiança antes de adquirir qualquer suplemento ou remédio.
- Centralize a comunicação com bancos e INSS: Reforce que o INSS e os bancos não ligam para fazer atualizações cadastrais que exijam a confirmação de todos os dados por telefone. Qualquer procedimento deve ser feito presencialmente na agência ou através dos aplicativos e sites oficiais, com a ajuda de um familiar de confiança.
- Nunca confirme dados do cartão em uma ligação: Ensine a regra de ouro da segurança de cartões: atendentes de centrais de segurança legítimas já têm seus dados e nunca pedirão que você confirme o número completo do cartão, a validade ou o código CVV para “cancelar” uma compra. Se isso acontecer, desligue.
- Crie um canal de diálogo sem julgamento: A principal proteção é que o idoso se sinta à vontade para dizer: “recebi uma ligação estranha, você me ajuda a verificar?”. O medo de ser visto como “ingênuo” ou de levar uma bronca faz com que muitos escondam a situação e acabem caindo no golpe. Acolha a dúvida.
- Desconfie de qualquer oferta que chegue por telefone: A melhor política é simplesmente não confiar em ofertas, promoções ou alertas que chegam de forma não solicitada por telefone. Agradeça, desligue e, se a informação parecer importante, verifique-a por um canal oficial que você mesmo buscou.
A proteção da população idosa é uma responsabilidade de todos. Com diálogo contínuo, paciência e a disseminação de informação clara sobre as táticas dos criminosos, é possível construir um ambiente mais seguro e proteger o patrimônio e, principalmente, a paz de espírito dos nossos entes queridos.