O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, reverteu os ganhos da véspera e perdeu mais de 2% nesta terça-feira com a pressão do setor bancário após a escalada da tensão entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e os Estados Unidos.
O Ibovespa encerrou o pregão em queda de 2,10%, aos 134.432 pontos. Justamente os bancos, que impulsionaram a sessão anterior, dessa vez pressionaram o índice e ficaram entre as maiores baixas durante o dia.
Nesse pregão, cinco bancos (Itaú Unibanco, BTG, Banco do Brasil, Santander e Bradesco) perdem R$ 41,98 bilhões em valor de mercado, enquanto todas as empresas listadas na B3 acumularam perdas de R$ 88,44 bilhões, segundo levantamento da Elos Ayta.
A decisão anunciada pelo ministro do (STF) Flávio Dino de afastar a aplicação automática de leis estrangeiras no Brasil, ao analisar a decisão da Justiça do Reino Unido sobre indenização a vítimas do desastre de Mariana e Brumadinho, causou dúvidas sobre sanções da Lei Magnitsky e evidenciou a intenção de proteger o ministro Alexandre de Moraes.
A reação dos Estados Unidos com ameaças de novas sanções e o aumento das críticas a Moraes aumentou a percepção de insegurança jurídica, especialmente para instituições financeiras com operações nos EUA, e pressionou as ações do setor.
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No mercado internacional, às vésperas do início do Simpósio de Jackson Hole, a ata do Fomc e discursos dos Fed Boys, Raphael Bostic e Waller, candidato à sucessão de Powell, são alguns dos destaques nos Estados Unidos.
Na agenda desta quarta-feira (20), destaque também para a decisão de política monetária do Banco Popular da China (PBoC), que manteve as taxas de juros de referência inalteradas; além dos dados de inflação de julho no Reino Unido, Alemanha e Zona do Euro.
No Brasil, ainda repercute o clima de insegurança jurídica do setor financeiro em relação ao embate entre os STF e os Estados Unidos, com receio de que cheguem novas sanções aos bancos com operações nos EUA.
Também está em debate o fato de os EUA aceitarem a consulta do Brasil na OMC, mas sob alegação de que parte das tarifas está ligada à “segurança nacional”, fora do alcance do órgão. Para o Itamaraty, a resposta é protocolar, mas abre espaço para diálogo.
O governo admite recorrer à Justiça dos EUA contra as sanções, com temor de que o USTR fragmente medidas contra o Brasil em várias etapas.
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Manchetes desta manhã
- Governo não vai a audiência pública do USTR e foca em consultas (Valor)
- Temor de retaliação dos EUA faz bancos brasileiros perderem R$ 41 bi na Bolsa (O Globo)
- CVM aponta indícios de crimes financeiros na gestão do Banco Master (Estadão)
- Estados Unidos cancelam evento militar com Brasil, e Defesa entra em alerta (Folha)
- Center Norte começa a construir ‘cidade’ de R$ 7,7 bilhões em SP (Valor)
Mercado global
As Bolsas da Europa operam mistas após liquidação das techs em Wall Street e com a inflação no Reino Unido mais alta do que o esperado, levantando dúvidas sobre flexibilização monetária pelo Banco da Inglaterra (BoE).
A perspectiva para a saúde corporativa europeia piorou: crescimento de 4,6% nos lucros do segundo trimestre, em média, de acordo com dados da LSEG I/B/E/S.
O CPI do Reino Unido subiu de 3,6% em junho para 3,8% em julho, maior número desde jan/24, conforme antecipado pelo BoE. Ainda, a inflação para a zona do euro permaneceu em 2% em julho, correspondendo à meta de médio prazo do BCE.
Na Ásia,os índices encerraram o pregão desta quarta-feira com ganhos na China e perdas nas demais praças. As bolsas chinesas ficaram positivas após o PBoC manter inalteradas as taxas de juros para empréstimos (LPR) de 1 ano em 3%, e de 5 anos em 3,5%.
Xangai fechou em alta de 1,04% e Shenzhen, de 0,89%. Também em Hong Kong, o índice Hang Seng fechou no positivo com alta de 0,17%, apesar de queda forte de empresas farmacêuticas.
No Japão, o índice Nikkei perdeu 1,42% com mais um dia de perdas do Softbank e Taiwan foi o destaque negativo da sessão, após queda de 2,99% do índice Taiex.
Em Nova York, os índices futuros abriram em queda após a forte queda das ações de tecnologia no pregão anterior e com a expectativa pela ata do Fed, em busca de sinais para a política de juros dos EUA.
Confira os principais índices do mercado:
•S&P 500 Futuro -0,1%
•FTSE 100 +0,3%
•CAC 40 estável
•Nikkei 225 -1,5%
•Hang Seng +0,2%
•Shanghai SE Comp. +1%
•MSCI World estável
•MSCI EM -0,8%
•Bitcoin estável a US$ 113600,75
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Commodities
- Petróleo: recupera parte das fortes perdas da sessão anterior após dados mostrarem uma queda nos estoques dos EUA. O API estimou -2,4 milhões de barris, o que oferece suporte de curto prazo antes dos números oficiais.
O Brent/out sobe 1,12%, cotado a US$ 66,53 e o WTI para o mesmo mês sobe 1,26%, a US$ 62,55. - Minério de ferro: fechou em queda de 0,19% em Dalian, na China, cotado a US$ 107,15/ton. Em Singapura, os contratos futuros caem 0,40%, cotados a US$ 100,80/ton e o mercado à vista recua 0,10%, cotado a US$ 101,30/ton.
Cenário internacional
Nos EUA, investidores seguem na especulação de como será o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, que pode definir as apostas em cortes de juros.
O Federal Reserve (Fed) divulga hoje a ata de sua última reunião sobre política monetária e o presidente da instituição de Atlanta, Raphael Bostic, discursa em evento.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE) disse que o acordo comercial entre os EUA e a União Europeia está próximo do cenário básico assumido pela autarquia, mas a incerteza persiste em setores-chave, como o farmacêutico e o de semicondutores.
Ainda na esfera comercial, o governo americano surpreendeu o setor de logística ontem ao anunciar a expansão de suas tarifas sobre aço e alumínio, abrangendo mais de 400 itens de consumo que contêm esses metais, como motocicletas e utensílios de mesa.
Também nesta terça-feira, autoridades da Índia afirmaram que uma visita da delegação americana prevista para este mês ao país para negociações comerciais foi adiada. O encontro seria a sexta rodada de negociações para um acordo comercial bilateral.
Cenário nacional
No Brasil, as preocupações com uma possível escalada nas tensões entre Brasil e Estados Unidos continuam ditando o mercado, que reagiu com forte aversão a risco nesta terça-feira.
O sentimento dos investidores piorou ontem com a decisão do ministro do STF, Flávio Dino, de que cidadãos brasileiros não podem ser afetados em território nacional por leis estrangeiras tomadas por atos que tenham sido realizados no Brasil.
Na esteira desse processo, Dino também proibiu instituições financeiras brasileiras de atender ordens de tribunais estrangeiros sem autorização expressa do STF. A medida expõe empresas e bancos brasileiros a um impasse entre regras nacionais e exigências dos Estados Unidos.
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Destaques no mercado corporativo
- Transpetro, subsidiária da Petrobras: deverá relançar uma licitação para a construção de barcaças, após o fraco interesse no último certame.
- WEG : o conselho de administração aprovou a contratação de dois financiamentos, um no valor de R$ 130 milhões e o outro, de R$ 50 milhões.
- BRF e Marfrig: o plenário do Cade deve discutir hoje a fusão entre as companhias.
- Banco Master: é alvo de investigação da CVM por supostos crimes financeiros e aportes em empresas ligadas a familiares do dono; manifestou surpresa e nega irregularidades.
- BRB: a Câmara Legislativa do DF aprovou projeto para compra de participação no Banco Master, depende de aval do BC.
- Gol e Azul: o julgamento no Cade sobre o contrato de codeshare foi adiado para 3 de setembro.