A semana caminhava para um encerramento negativo para os mercados brasileiro e norte-americano. Nos Estados Unidos, o discurso de uma dirigente do Federal Reserve reduziu as apostas de corte de juros.
Além disso, as ações de tecnologia recuaram após declarações de Sam Altman, do ChatGPT, e alguns resultados de grandes varejistas, como o Walmart, decepcionaram, pressionando as bolsas.
No Brasil, dois fatores pesaram sobre os mercados: uma pesquisa de opinião mostrou recuperação na popularidade de Lula, que vem se fortalecendo no embate político com Donald Trump; e a decisão do ministro do STF Flávio Dino, na terça-feira (19), trouxe insegurança jurídica ao setor bancário.
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Todo esse pessimismo, entretanto, dissipou-se nesta sexta-feira (22), quando os mercados se recuperaram após o discurso de Jerome Powell no simpósio de Jackson Hole. O presidente do Fed sinalizou abertura para um corte de juros, embora sem indicar prazo imediato.
Nesta sexta-feira (22), o Monitor do Mercado traz mais uma edição do quadro “Semana em 5 Minutos”, resumo semanal direto e sem enrolação assinado por Gil Carneiro.
“Por mais bonita que seja a estratégia, você deve ocasionalmente analisar os resultados” – Wiston Churchill.
Brasil: política e economia
A nova pesquisa Genial/Quaest mostrou que a aprovação do governo Lula subiu de 43% para 46% em agosto, enquanto a desaprovação caiu de 53% para 51%. O alívio nos preços dos alimentos e a postura política do presidente diante de Donald Trump ajudaram na melhora dos índices.
Apesar disso, 67% dos entrevistados acreditam que a negociação seria o melhor caminho para reduzir a crise com os Estados Unidos. Outro levantamento da mesma instituição apontou que Lula venceria qualquer candidato da direita em eventual segundo turno.
No Congresso, a popularidade do presidente enfrenta obstáculos. A oposição assumiu o controle da CPMI do INSS, enquanto a PEC dos Precatórios foi suspensa no Senado diante do risco de derrota.
Uma declaração do ministro do STF Flávio Dino também repercutiu fortemente no mercado. Dino afirmou que decisões judiciais e executivas de governos estrangeiros não têm efeito no Brasil sem homologação do Supremo. A fala ocorreu em meio ao julgamento da aplicação da Lei Magnitsky.
A reação foi imediata: os bancos listados na Bolsa perderam mais de R$ 42 bilhões em valor de mercado, refletindo receios sobre insegurança jurídica.
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Analistas avaliam que as instituições poderiam adotar medidas internas de compliance, encerrando contas de indivíduos sob risco de sanções, para evitar conflito entre regras internacionais e decisões locais.
No campo dos indicadores, o IBC-Br — prévia do PIB calculada pelo Banco Central — recuou 0,1% em junho. Foi a segunda queda seguida, após retração de 0,7% em maio. O resultado reforça a desaceleração da economia e pode abrir espaço para cortes na Selic.
O Boletim Focus já havia sinalizado melhora nas projeções, com o mercado revisando a inflação esperada para 2025 abaixo de 5%, para 4,95%.
Estados Unidos
As ações de tecnologia, que vinham se beneficiando do entusiasmo com a inteligência artificial, recuaram após alerta de Sam Altman sobre excesso de euforia dos investidores e resultados abaixo do esperado. Analistas têm comparado o movimento a uma bolha, diante do preço elevado dos papéis.
No campo macroeconômico, pedidos de auxílio-desemprego vieram acima do previsto, aumentando as apostas em corte de juros em setembro. Segundo o MarketWatch, a probabilidade chegou a 90%. Porém, Beth Hammack, presidente do Fed de Cleveland, afirmou não ver motivos para reduzir os juros com a inflação ainda persistente.
No simpósio de Jackson Hole, o presidente do Fed, Jerome Powell, indicou abertura para iniciar cortes, embora sem sinalizar prazo imediato. Powell destacou que a inflação segue acima da meta, mas que o mercado de trabalho tem mostrado fraqueza, o que pode justificar uma política monetária mais flexível.
China
O Banco Popular da China (PBoC) manteve as taxas de juros inalteradas, com a de referência de 1 ano em 3% e a de 5 anos em 3,5%.
No campo geopolítico, China e Índia anunciaram planos para demarcar a fronteira em disputa, em movimento que busca ampliar a cooperação bilateral no comércio e turismo.
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Mercados
O discurso de Jerome Powell trouxe alívio aos mercados nesta sexta-feira. O Ibovespa e o S&P 500 recuperaram perdas da semana, enquanto os juros futuros no Brasil (DI jan/27) e o Treasury de 10 anos recuaram.
Cortes de juros nos Estados Unidos tendem a enfraquecer o dólar e aumentar o fluxo de capitais para emergentes, como o Brasil. A medida também abre espaço para que o Banco Central brasileiro acelere cortes na Selic, reduzindo o diferencial de juros entre os dois países.
Na China, a Bolsa de Xangai atingiu o maior nível em dez anos, impulsionada pelo desempenho de fintechs e pelo menor atrito comercial com os EUA.
Na próxima semana, os investidores acompanharão no Brasil a divulgação do IPCA-15 de agosto, os dados do Caged e o déficit orçamentário. Nos EUA, o foco será o PCE, indicador de inflação preferido do Fed.