Quatro compradores europeus de gás já pagaram pelo fornecimento de gás em rublos e dez empresas do mesmo continente abriram contas no Gazprombank – mecanismo para pagamentos em rublos, exigência do presidente Vladimir Putin. A Rússia fornece gás para 23 países europeus.
Depois que a União Europeia impôs sanções à Rússia, pela invasão da Ucrânia, Putin exigiu que o fornecimento de combustíveis russos fosse pago na moeda nacional, o rublo.
Sob condição de anonimato, uma pessoa próxima à gigante russa de gás – Gazprom PJSC – falou à agência de notícias Bloomberg que mesmo que outros compradores rejeitem os termos do Putin, não é provável que novos cortes no fornecimento de gás aconteçam até a segunda quinzena de maio, quando os próximos pagamentos deverão acontecer.
O fornecimento de gás para a Polônia e a Bulgária foi cortado depois que os países recusaram o mecanismo para pagamentos em rublos que, segundo a Gazprom, não viola as sanções da União Europeia.
Nova ordem mundial
Com a alta histórica do petróleo, a China caminha para não mais pagar por ele em dólares. Querem negociar em yuan (a moeda local). Alvo das sanções econômicas do Ocidente desde que invadiu a Ucrânia, a Rússia seguiu pelo mesmo caminho. Querem receber e pagar em rublos e estudam até mesmo operar em bitcoin.
Em janeiro de 2020, as autoridades chinesas identificaram um novo tipo de coronavírus, afetando humanos, com alto índice de transmissão e letalidade.
Fronteiras foram bloqueadas, lockdowns foram decretados, e, para tentar aquecer a economia, o banco central dos Estados Unidos acionou suas impressoras e despejou dólares e mais dólares no mercado.
O volume de impressões foi tamanho, que, em dezembro de 2021, 80% dos dólares existentes haviam sido impressos nos 22 meses anteriores.
A inundação de dinheiro americano cobrou o seu preço, com uma inflação descontrolada atingindo os mais diferentes mercados. Os EUA e outras economias, como o Brasil, aumentaram taxas de juros, de forma a tentar drenar o fluxo de dinheiro, e passaram a competir com o setor privado pelo crédito.
Em janeiro de 2022, quando a inflação sinalizava arrefecer, a Rússia invadiu a Ucrânia, gerando uma crise de abastecimento de petróleo, fertilizantes, trigo e outros insumos essenciais para a economia global.
A nova onda de inflação atingiu em cheio as economias emergentes, como nós, com as perspectivas de falta de insumos. E não há aumento de taxa de juros que corrija isso.
Justamente nesse momento, em que o mundo tenta digerir o enorme fluxo de dólares e, ao mesmo tempo, sofre com a falta de insumos, a China e a Rússia caminham para vender petróleo sem a moeda americana.









