Em um mercado cada vez mais repleto de SUVs urbanos com foco em design e tecnologia, o Renault Duster de primeira geração sempre se destacou como o “anti-SUV de shopping”. Seu projeto valoriza atributos que muitos esqueceram: uma suspensão quase indestrutível, o maior espaço interno da categoria e uma valentia para encarar os desafios das ruas e estradas brasileiras.
Analisando o modelo 2019, o último ano antes de sua grande reformulação, investigamos se essa proposta “raiz”, honesta e sem luxos, ainda faz dele uma compra inteligente. Veremos se suas qualidades de robustez e espaço superam suas conhecidas limitações em refinamento e consumo no competitivo mercado de seminovos de 2025.
Espaço e robustez a bom preço: as versões e valores do Duster

Em seu último ano, a primeira geração do Duster era oferecida em versões bem definidas. A linha contava com a Expression 1.6 manual como opção de entrada e a Dynamique, a mais vendida, que podia ser equipada com motor 1.6 SCe (câmbio manual ou CVT) ou o potente 2.0 (câmbio automático de 4 marchas ou manual de 6 marchas na rara versão 4×4).
De acordo com a Tabela FIPE em setembro de 2025, a versão Dynamique 1.6 CVT tem um preço médio de R$ 77.800. A versão Dynamique 2.0 automática, mais potente, está na faixa de R$ 80.500, representando um custo-benefício interessante para quem busca um SUV espaçoso e robusto.
1.6 SCe ou 2.0 F4R: qual motor empurra melhor o “brutamontes”?
O Duster 2019 contava com duas opções de motor. O mais moderno e racional era o 1.6 SCe de até 120 cv, que, combinado ao câmbio CVT, oferece uma condução suave e mais econômica para o dia a dia. Já o motor 2.0 F4R de até 148 cv entrega um desempenho consideravelmente superior, ideal para quem viaja com o carro cheio.
Na prática, a performance não é o forte do Duster, que é um carro pesado. O motor 2.0 é prejudicado pelo antigo câmbio automático de apenas 4 marchas, que eleva o consumo e o ruído. A versão 1.6 com câmbio CVT é a mais equilibrada, embora sem qualquer pretensão esportiva. O destaque de performance fica para a versão 4×4, com câmbio manual de 6 marchas e um acerto que privilegia a força.
Um SUV sedento? Os números de consumo do Duster na vida real
Este é um dos pontos fracos mais conhecidos do Duster. Sua construção pesada e seus motores mais antigos cobram a conta no posto de combustível, apresentando números de consumo mais altos que os da maioria dos concorrentes diretos.
Segundo os dados do INMETRO, a versão 1.6 CVT registra, com gasolina, um consumo de 10,5 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada. A versão 2.0 automática é ainda mais sedenta, com médias que raramente ultrapassam os 8,5 km/l no ciclo urbano.
O gigante da categoria: espaço interno e porta-malas imbatíveis
Se o Duster economiza em refinamento, ele esbanja em espaço. Este é o seu maior trunfo e um fator decisivo de compra. O espaço no banco traseiro é generoso, acomodando três adultos com mais conforto que qualquer outro SUV compacto da época.
O porta-malas é um capítulo à parte. Com impressionantes 475 litros de capacidade nas versões 4×2, ele oferece mais espaço que muitos SUVs de categorias superiores. Essa característica faz do Duster a escolha ideal para famílias grandes ou para quem precisa transportar grandes volumes com frequência.
Conectado, mas sem luxos: equipamentos e segurança a bordo
Em 2019, as versões Dynamique já vinham com um bom pacote de equipamentos de conveniência. O destaque era a central multimídia Media Nav de 7 polegadas, que incluía GPS integrado, câmera de ré e conectividade via Bluetooth. O pacote também contava com piloto automático e sensores de estacionamento.
No quesito segurança, o Duster ficava devendo. Ele trazia apenas os obrigatórios airbags frontais e freios ABS. Itens cruciais como o controle eletrônico de estabilidade (ESC) e o assistente de partida em rampa eram oferecidos apenas como opcionais, mesmo na versão topo de linha. É fundamental verificar se a unidade seminova possui esses itens.
Bruto e honesto: os prós e contras do Duster de primeira geração
A escolha por um Duster “antigo” é uma decisão pragmática. Seus pontos fortes e fracos são muito claros e definem bem o seu caráter.
- Pontos Positivos:
- Suspensão extremamente robusta, ideal para as condições brasileiras.
- Espaço interno e porta-malas (475 L) imbatíveis no segmento.
- Mecânica confiável e com boa oferta de peças no mercado.
- Pontos Negativos:
- Consumo de combustível elevado em ambas as motorizações.
- Acabamento interno muito simples e com ergonomia questionável.
- Falta de itens de segurança importantes, como controle de estabilidade de série.
O Duster “antigo” é o SUV certo para a sua aventura (ou família)?
O Renault Duster 2019 é a compra perfeita para quem tem necessidades bem específicas. É o SUV ideal para a família que precisa do máximo de espaço possível, ou para o motorista que enfrenta estradas de terra e ruas esburacadas com frequência e valoriza uma suspensão “parruda” acima de tudo.
Ele não é indicado para quem busca refinamento, baixo consumo de combustível ou um pacote tecnológico e de segurança moderno. Para esse perfil, SUVs com uma proposta mais urbana e sofisticada, como o Nissan Kicks ou o Hyundai Creta da mesma época, são escolhas mais adequadas.