O mercado de ofertas subsequentes de ações (follow-ons) na B3 passa por um período de forte retração na comparação dos primeiros sete meses de 2025. Dados inéditos levantados pela MZ Group, indicam que o volume financeiro movimentado no período caiu 81% na comparação anual.
Segundo a empresa que fornece tecnologia e inteligência para áreas de Relações com Investidores (RI), o recuo ocorreu tanto na quantidade de operações quanto no volume negociado. No primeiro semestre de 2025, foram realizados 5 processos de follow-ons, representando uma redução anual de 17%.
O volume total nos até julho chegou a R$ 4,2 bilhões. Segundo a companhia, a queda acentuada teve como principal influência a operação da Sabesp (SBSP3) em 2024, que sozinha movimentou R$ 14,7 bilhões.
O que explica a queda no mercado de follow-ons
Em relatório, a MZ indica que a retração reflete um cenário macroeconômico desafiador e uma maior seletividade dos investidores. O acesso ao mercado ficou limitado a companhias que demonstram “narrativas sólidas e propósitos estratégicos claros”.

Nos dois períodos analisados (primeiro semestre e janeiro a julho) a captação se mostrou diversificada setorialmente — todas pertencem a setores distintos. Além disso, 66,6% dessas companhias pertenciam ao segmento Novo Mercado da B3 — o que possui o maior nível de governança e exigência na Bolsa.
Ofertas primárias dominam
A grande maioria das operações realizadas até julho de 2025 visou captar dinheiro para a própria companhia (ofertas primárias), e não apenas para dar liquidez a acionistas (ofertas secundárias).
Nos primeiros sete meses do ano, 83,3% das 6 ofertas subsequentes foram classificadas como primárias.
Os recursos captados foram destinados principalmente para amortização de dívidas, melhora na estrutura de capital, reforço do capital de giro e adequação do percentual mínimo de ações em circulação. Isso reforça a importância do mecanismo como alternativa de financiamento para reequilíbrio financeiro e projetos de expansão.
Azul lidera em volume movimentado
Entre as companhias que realizaram operações, a Azul (AZUL4) movimentou o maior volume financeiro, representando 40,6% (R$ 1,6 bilhão) dos R$ 4,1 bilhões captados no semestre. Na sequência vieram:
- Caixa Seguridade (CXSE3): R$ 1,2 bilhão
- Fras-Le (FRAS3): R$ 400 milhões
- Méliuz (MELI3): R$ 180,1 milhões
- Orizon (ORVR3): R$ 635,1 milhões
A Azul também registrou o maior aumento de ações em proporção da operação de follow-on no primeiro semestre, em relação ao total final de ações da companhia — aumento de 34,1%. Ao considerar o período entre janeiro e julho, a Gafisa (GFSA3) lidera com aumento de 39,7%.
O volume médio negociado da Azul registrou um aumento de 74% entre os períodos pré e pós-Follow-On até junho.
Queda vertiginosa no histórico de follow-ons
Desde que bateu o pico histórico em 2010 com R$ 138 bilhões movimentados impulsionado pelo follow-on da Petrobras (PETR4) — que sozinha movimentou 87% desse valor — o mercado passa por um período de escassez.

Em 2019 ouve uma nova janela de oportunidades com R$ 79,8 bilhões, mas de lá para cá o ritmo reduziu e o mercado caminha para o pior ano em volume desde 2018.
Na visão da MZ, apesar da redução em comparação ao ano anterior, os resultados apontam que os follow-ons continuam sendo uma ferramenta essencial para adequação de estruturas de capital, reforço de caixa e cumprimento de exigências regulatórias.