A taxa de desemprego no Brasil ficou em 5,6% no trimestre encerrado em agosto, repetindo o resultado observado até julho e mantendo-se no menor patamar desde o início da série histórica da PNAD Contínua, em 2012.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com esse resultado, o número de pessoas desocupadas caiu para 6,1 milhões, o menor contingente já registrado.
O total representa uma redução de 9% (menos 605 mil pessoas) em relação ao trimestre encerrado em maio e de 14,6% (menos 1 milhão) na comparação com o mesmo período de 2024.
- Enquanto você lê esta notícia, outros investidores seguem uma estratégia validada — veja como automatizar suas operações também.
Educação impulsiona mercado e setor público lidera contratações
De acordo com o analista do IBGE William Kratochwill, a queda na desocupação está relacionada à alta nas contratações no setor público de educação, especialmente na educação básica. “São contratações temporárias, geralmente sem carteira assinada”, explicou.
A área de administração pública, educação, saúde e serviços sociais foi a única a crescer em número de ocupados nas duas comparações: alta de 1,7% frente ao trimestre anterior e de 4,2% na comparação anual. Em contrapartida, os serviços domésticos foram o único segmento com retração nos dois períodos, com queda de 3%.
O setor agrícola também registrou aumento na ocupação (4,4%), impulsionado pela safra de café no Nordeste e Sudeste, enquanto transporte e armazenagem avançaram 5,5% em relação a 2024.
Subutilização e desalento recuam
A taxa composta de subutilização da força de trabalho ficou em 14,1%, repetindo o menor nível da série histórica. O número de pessoas subutilizadas caiu 6,2% no trimestre e 11,8% no ano, chegando a 16 milhões.
- Veja quanto você pode economizar na conta de energia agora! Nossa equipe analisa sua fatura sem custo e apresenta o potencial de redução mensal
O contingente de desalentados — pessoas que desistiram de procurar trabalho — recuou para 2,7 milhões, o menor desde 2016. Segundo Kratochwill, a redução indica que o mercado tem absorvido rapidamente quem volta a procurar emprego.
Emprego com carteira assinada atinge recorde
O número de pessoas ocupadas chegou a 102,4 milhões no trimestre até agosto, com alta de 0,5% frente ao trimestre anterior e de 1,8% em relação ao mesmo período de 2024. O nível de ocupação ficou em 58,1%, o maior da série.
O setor privado atingiu um recorde de 52,6 milhões de empregados, sendo 39,1 milhões com carteira assinada — também o maior número já registrado. A contratação com carteira cresceu 3,3% em um ano. Já o total de trabalhadores sem carteira caiu 3,3% no mesmo período.
O número de empregados no setor público também aumentou 2,7% em um ano, e os trabalhadores por conta própria chegaram a 25,9 milhões, crescimento de 4,3% na comparação anual.
- O Copy Invest do Portal das Commodities já transformou a forma de investir em futuros — clique aqui e veja como aplicar na prática.
Economistas veem sinais de desaceleração
Apesar da manutenção da taxa de desemprego em níveis baixos, alguns economistas apontam sinais de desaceleração no mercado de trabalho. André Valério, economista-sênior do Banco Inter, avalia que o Caged — que registrou criação líquida de 147.358 vagas em agosto, abaixo das expectativas — sugere perda de ritmo nas contratações.
“Os ganhos de ocupação vieram de setores menos sensíveis ao ciclo econômico, como setor público e agricultura”, afirma Valério. Ele calcula que, com ajuste sazonal, o desemprego ficou em 5,68%.
Para Maykon Douglas, embora o ritmo de geração de empregos tenha enfraquecido, a massa salarial ainda cresce cerca de 5% ao ano. “Isso indica que o mercado segue apertado e a desaceleração deve ser lenta. O Banco Central tende a manter a cautela”, diz.