Após mais de uma década focada no mercado digital de traders, a Atom Educação (ATED3) vive um novo capítulo. Sob o controle da Aqwa Brasil Participações, o grupo liderado por Joaquim Paiffer aposta no Brasil que ainda está fora da internet — com a expansão nacional da rede de escolas profissionalizantes Cebrac.
A mudança de rumo marca o fim da parceria societária entre os irmãos Joaquim e Carol Paiffer e o BTG Pactual/Exame, e dá início a um novo ciclo focado em educação técnica, geração de renda e transformação social.
“A empresa precisa ter dono e foco. No Brasil, nenhuma companhia que virou corporação deu certo. O controlador é o poder moderador, aquele que tem mais a perder — e, por isso, mais responsabilidade”, disse Joaquim Paiffer em entrevista exclusiva ao Monitor do Mercado.
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Atom passou de traders para cursos profissionalizantes
A trajetória da Atom começou em 2011, com uma mesa proprietária de investimentos fundada por Joaquim e mais três sócios. Com um aporte inicial de R$ 1 milhão, o grupo multiplicou o valor por 18 vezes em um ano e meio. Foi o embrião de uma série de inovações que mudaram o mercado.
“Fomos os primeiros a montar uma mesa proprietária no Brasil, a criar um simulador em tempo real junto com a Nelogica e a fazer um IPO reverso”, lembra Paiffer.
A área educacional nasceu quase por acaso. Os treinamentos internos oferecidos aos traders se tornaram cursos abertos ao público. O sucesso consolidou a Atom como referência nacional em educação para o mercado financeiro.
“A gente mostrou que existe método, organização e gerenciamento de risco. Trader não é aposta: é profissão”, afirmou o CEO.
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O ciclo com Carol Paiffer e o BTG
Em 2021, a entrada do BTG Pactual, por meio da Exame, levou a Atom para outro patamar. O grupo passou a investir pesado em educação, ao lado da empresária Carol Paiffer, que se tornaria uma das figuras mais populares do ecossistema de startups após sua participação no programa Shark Tank Brasil.
“A Carol é uma empreendedora brilhante. Ela virou a maior investidora do Shark Tank, com mais de 100 startups. E a Exame, por sua vez, passou a investir em educação superior. Cada um foi seguindo um caminho — e isso criou um desalinhamento natural”, explicou Joaquim.
Segundo ele, a divergência não foi de conflito, mas de foco estratégico:
“Enquanto a Exame e a Carol estavam voltadas para educação superior e startups, nós queríamos investir na base da pirâmide, em cursos técnicos e geração de renda. Era o momento de a Atom ter um controlador único para acelerar a execução.”
A entrada da Aqwa e a nova fase da Atom
A transação que definiu o novo rumo da companhia foi anunciada no último dia 15 de agosto. A Aqwa Brasil Participações, subsidiária da Aqwa Capital Holdings LLC, adquiriu 50,1% do capital votante da Atom por R$ 30 milhões.
O acordo inclui uma oferta pública de aquisição (OPA) das ações remanescentes, ao preço mínimo de R$ 2,52 por ação. “A Aqwa é um parceiro atuante. Eles acreditam na nossa visão de unir o Brasil real e o digital. Vieram somar, e com muito foco em rentabilidade”, destacou o CEO.
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Com a mudança, Danilo Cisotto assumiu como Diretor Financeiro e de Relações com Investidores, em substituição a Victor Gatti. “O controlador já mostrou um viés de decisão rápida e alinhada. Isso muda completamente o ritmo da companhia”, avaliou Paiffer.
A virada da Atom com o Cebrac
A maior transformação recente da Atom, no entanto, foi a aquisição do Cebrac (Centro Brasileiro de Cursos), uma das principais redes de ensino profissionalizante do país, com 80 unidades em 26 estados.
O movimento tirou a empresa da exclusividade do ensino digital e abriu espaço para o Brasil que ainda está offline.
“Mais de 70 milhões de brasileiros não têm internet suficiente para estudar. É um número que choca. A Atom era 100% digital, mas entendeu que precisava chegar até o aluno que não está conectado”, afirmou Paiffer.
O Cebrac oferece cursos de curta duração — como administração, cuidador de idosos e manutenção de celulares — voltados a quem busca a primeira fonte de renda ou quer complementar o orçamento.
“A gente está falando do trabalhador real, que quer aprender rápido e começar a ganhar dinheiro. É o Brasil que trabalha, mas que ainda não foi incluído na nova economia”, disse.
Educação para gerar renda
A Atom se reposiciona como uma plataforma de educação para geração de renda. Além dos cursos do Cebrac, a empresa mantém sua linha de educação financeira e de investimentos, e é a única instituição do país com cursos técnicos reconhecidos pelo MEC em Trading e Inteligência Artificial.
“Nos Estados Unidos, as pessoas têm quatro fontes de renda, em média. O brasileiro tem uma. A gente quer mudar isso. Ensinar a ganhar mais e a administrar melhor”, afirmou.
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De olho no futuro e nas “novas colheitas”
Paiffer diz que a Atom vive um momento de plantio. “A gente gosta de plantar com calma, preparar a terra, estruturar os processos. O investidor que olha o histórico da Atom sabe que, quando vem a colheita, ela é boa.”
Ele lembra que a empresa nunca captou recursos no mercado — todos os investimentos foram feitos com capital próprio — e que quem acreditou no projeto desde 2015 teve retorno de 55 vezes sobre o capital investido. “Isso não garante o futuro, mas mostra que a gente sabe executar”, diz.
O legado dos irmãos Paiffer
Mesmo com o novo controle, o nome Paiffer continua fortemente ligado à Atom. Enquanto Carol segue expandindo seu império no ecossistema de startups com o Dinastia Investimentos, Joaquim aposta em consolidar a Atom como referência em educação técnica e financeira no Brasil.
“A Carol está fazendo um trabalho incrível com startups e empreendedorismo. Eu sigo com o mesmo propósito — transformar vidas por meio da educação. Caminhos diferentes, mas propósitos que se cruzam”, afirmou Joaquim.









