A Taurus Armas S/A (TASA3, ON/TASA4, PN) vai pagar para seus acionistas dividendos de R$ 1,6451 por ação – referente aos resultados de 2021. Entretanto, o valor ainda precisa ser aprovado na próxima Assembleia Geral Ordinária que está marcada para o dia 19 de abril. Considerando o preço de fechamento das ações PN (R$ 24,93) no dia 22 de março, o yield estimado para o papel seria de 6,6%.
O valor a ser distribuído pela empresa totaliza R$ 194,3 milhões. O dividendo chama atenção não só pelo seu valor, mas porque acontece ao mesmo tempo em que a empresa fez uma compensação dos prejuízos acumulados nos anos anteriores de R$ 333,8 milhões Na prática isso significa que a Taurus está pronta para pagar dividendos ainda maiores no próximo ano.
Para se ter uma ideia do potencial da empresa, analistas estimam que, sem os já mencionados R$ 333,8 milhões, os dividendos por ação saltariam para R$ 4,4711, ou 17,9% de yield considerando como referência o mesmo preço de fechamento de R$ 24,93.
No período, a receita líquida da Taurus foi de R$ 2,7 bilhões, com EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de R$ 1,0 bilhão, aumento de 111% em relação ao exercício de 2020.
A relação dívida/EBITDA da companhia, que era de cerca de 11,5 vezes em dezembro de 2018, chegou, em dezembro de 2021, a 0,4 vezes. “Hoje, temos novos fundamentos. Somos uma empresa que cresce no maior mercado do mundo, os Estados Unidos”, explica Salesio Nuhs, CEO da Taurus.
Um dos destaques operacionais foi justamente um aumento de 23,4% das vendas da companhia nos Estados Unidos, na contramão do mercado local como um todo, que registrou queda no volume NICS, sistema que reúne e avalia solicitações de novas armas. Esse efeito, portanto, indica aumento de market-share para a companhia brasileira. “A fábrica dos EUA, inaugurada em dezembro de 2019, já superou a capacidade de produção originalmente projetada de 800 mil unidades/ano, atingindo a marca de 868 mil unidades em 2021”, destaca o release de resultados. “Somos uma marca de entrada no mercado americano, mas temos oferecido, também, produtos em linhas mais avançadas. A estratégia é termos um vasto portfólio de produtos, atingindo segmentos em que ainda não estamos presente”, explica Salesio.
O material de resultados destaca, ainda, a construção de uma unidade produtiva na Índia, que foi paralisada por conta da pandemia, mas, agora, foi retomada. A parceria, segundo Salesio, prevê a transferência de tecnologia para um parceiro local, dentro de um programa de defesa do governo indiano, o que, na prática, significa que a empresa brasileira não terá de desembolsar recursos de seu caixa. As perspectivas no mercado indiano são promissoras: o governo local deverá abrir, em breve, uma concorrência para a compra de 94 mil fuzis, com preferência para fornecedores do próprio país, o que, em tese, favorece o player brasileiro e sua aliança.
Destaque, também, para aspectos operacionais da companhia, que possui, hoje, o menor custo de produção do mundo, garantindo competitividade em licitações. “Hoje, nosso EBITDA é percentualmente equivalente à margem bruta dos meus concorrentes, tomando como base as empresas americanas de capital aberto que sempre dominaram o setor, como o Smith & Wesson e Ruger. Somos a maior vendedora de armas curtas do mundo.”
Ao todo, no ano passado, 70,1% das receitas vieram do mercado dos EUA; outros 23,2% vieram do mercado brasileiro e os 6,8%, de outros países, notadamente as Filipinas, onde a companhia venceu uma licitação realizada pelo governo local.
