A MBRF (MBRF3) registrou lucro líquido de R$ 94 milhões no terceiro trimestre — o primeiro desde a fusão entre Marfrig e BRF — uma queda de 62% na comparação anual, quando havia lucrado R$ 248 milhões.
Apesar da retração no lucro, a receita líquida apresentou alta de 9,2%, alcançando R$ 41,766 bilhões, impulsionada pelo avanço das operações na América do Sul e pelo desempenho consistente das exportações.
O trimestre marcou também o início da captura de sinergias da fusão entre Marfrig e BRF, com meta de R$ 1 bilhão — 60% devem ser entregues até o fim de 2026.
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“Este foi o primeiro balanço da MBRF e reflete o compromisso com a construção de uma empresa multiproteína integrada, eficiente e com foco em valor de longo prazo”, afirmou.
Em meio ao novo recorde do Ibovespa, que bate os 158 mil pontos, em alta de 1,79%, os papéis MBRF3 operam em alta de 4,79%, aos R$ 19,67.
Ebitda recua, mas atinge o maior nível do ano
O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 3,503 bilhões, queda de 8,6% na comparação anual, com margem de 8,4%. Mesmo assim, foi o melhor Ebitda trimestral de 2025, com aumento de 15,3% em relação ao segundo trimestre.
A companhia gerou R$ 3,319 bilhões em caixa operacional, alta de 9% frente ao trimestre anterior, e encerrou setembro com dívida líquida de R$ 41,3 bilhões, o que representa alavancagem de 3,09 vezes o Ebitda.
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América do Norte sente ciclo restrito do gado
Na América do Norte, a receita líquida subiu 12,2%, para US$ 3,639 bilhões, impulsionada pelos preços mais altos, mas o volume de vendas recuou 6,3%, devido à menor oferta de gado nos Estados Unidos. O Ebitda da operação caiu 6,4%, para US$ 74 milhões.
O CEO da operação norte-americana, Tim Klein, afirmou que o mercado ainda atravessa “a pior parte do ciclo pecuário”, mas já há sinais de recomposição do rebanho. “O porcentual de vacas no volume de abate está caindo, o que indica início de recuperação da oferta”, disse.
Brasil mantém abates elevados e exportações resilientes
Na América do Sul, a receita líquida cresceu 18,1%, para R$ 5,659 bilhões, e o Ebitda subiu 31,8%, totalizando R$ 628 milhões. O CEO da MBRF, Miguel Gularte, afirmou que o Brasil ainda vive uma fase de abates elevados, com aumento de até 14% sobre o ano anterior.
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Segundo ele, a virada do ciclo deve ocorrer apenas em 2026, quando a oferta de gado pode cair entre 7% e 10%. Gularte destacou ainda que o confinamento próprio da MBRF cobre até 28% da demanda prevista para 2026, funcionando como ferramenta de equilíbrio entre oferta e demanda.
BRF sofre com custos e gripe aviária, mas mantém equilíbrio
A divisão de frangos e suínos (BRF) registrou receita líquida de R$ 16,283 bilhões, alta de 5,4%, e recorde de volume de vendas, mesmo com os bloqueios temporários das exportações de frango para a China.
O Ebitda ajustado caiu 14,9%, para R$ 2,525 bilhões, impactado pela alta dos custos de grãos e pelas restrições sanitárias. Gularte ressaltou que, mesmo com o embargo, o mercado interno absorveu bem os volumes:
“Seguimos vendo um mercado equilibrado entre oferta e demanda, com boas margens”, disse. A China retomou as importações no fim da semana passada.
O vice-presidente Leonardo Dall’Orto afirmou que a empresa conseguiu redirecionar exportações para novos mercados, sem perdas significativas, e Manoel Martins, VP de mercado Brasil, destacou o recorde de clientes atendidos no trimestre.
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Analistas avaliam resultado como sólido, mas sob pressão de custos
Para a Ativa Investimentos, o balanço mostrou receita forte, mas pressão nos custos, sobretudo na América do Norte e na operação da BRF. A casa manteve recomendação neutra para as ações, com preço-alvo de R$ 22, o que implica potencial de alta de 17,2%.
A XP Investimentos também classificou o resultado como positivo e em linha com o esperado, mas manteve postura cautelosa no curto prazo. A corretora destacou o bom desempenho da National Beef, que atingiu margem Ebitda de 2%, e o crescimento da Marfrig S.A., com aumento de 17,6% nos volumes.
No caso da BRF, a XP ressaltou o impacto da retomada das exportações à China e o início da demanda de fim de ano, o que deve contribuir para margens melhores no quarto trimestre.









