O Brasil passou a ocupar o primeiro lugar no ranking de países com juros mais altos. A marca foi alcançada após o Copom (Comitê de Política Monetária) Banco Central ter elevado na última quarta-feira (2) a taxa básica de juros (Selic) em 1,5 ponto percentual, chegando a 10,75% ao ano.
O estudo compara o custo real (descontada a projeção inflação) do crédito de 40 países, segundo o ranking mundial de juros reais compilado pelo portal MoneYou e pela gestora Infinity Asset Management.
Entre os 40 países do ranking, 67,50% mantiveram suas taxas de juros inalteradas, enquanto 32,50% elevaram-nas.
A conta realizada para a formulação deste ranking, porém, é diferente das demais classificações referentes às taxas de juros. O fichamento dos países foi feito a partir da subtração entre as taxas nominais estimadas e aquelas negociadas ao mercado para 2023.
No Brasil, a referência dos juros de mercado é o índice dos contratos DI (Depósitos Interbancários), que estava em cerca de 11,9%, número que foi subtraído da perspectiva de alta da inflação para os próximos 12 meses — que é 5,38%,
O resultado de 6,41% ao ano colocou o Brasil em primeiro lugar entre os países com o crédito mais caro, à frente de Rússia (4,61%) e Colômbia (3,02%). Em contraposição, o quadragésimo país da lista é a Argentina, que tem uma taxa de -14,47%. O país teve uma taxa de inflação de 51% ao fechar o ano de 2021.
Na lista há apenas 10 países com taxas positivas, que são Chile, México, Indonésia, Hungria, Turquia, Malásia, República Tcheca, Brasil, Rússia e Colômbia.
Esse cenário ocorre devido à alta demanda e à baixa oferta de mercadorias e insumos após a retomada econômica gerada pelo avanço da vacinação contra a Covid-19 nas principais economias mundiais, gerando um rápido crescimento dos preços globais.
Entretanto, percebe-se uma movimentação dos Bancos Centrais mundiais de elevar juros na tentativa de desacelerar o crescimento do alto custo de vida.
Para o ministro da Economia, Paulo Guedes (foto), a atuação do Banco Central brasileiro evitou “uma grande depressão”. “Fomos então afetados pela covid-19 e respondemos [no Brasil] de forma a evitar uma grande depressão. Agora estamos de volta à situação de desaceleração sincronizada e avanço de economias. Mas agora a inflação está aí. A questão é saber o quão transitórios são esses fatores”, discursou, no Fórum Econômico Mundial, no fim de janeiro.
Imagem: Agência Brasil/Marcelo Camargo