Enquanto o mercado financeiro derrete no ocidente, com a quebradeira que atingiu até o gigante Credit Suisse, os bancos chineses viram o preço de suas ações decolar nos últimos dias.
Em um mês, o Banco da China registra alta de 9% e o China Construction Bank (CCB), de 8%.
No mesmo período, o índice da Nasdaq que reúne papéis de bancos caiu nada menos que 27% e o IFNC, que é o índice brasileiro de empresas do setor financeiro, tombou mais de 7%.
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Veja no gráfico abaixo. As linhas vermelhas representam as ações de bancos chineses.
Na última semana, o colapso de bancos nos EUA e na Europa pautou todo o mercado financeiro. O First Republic Bank (FRB) anunciou um possível colapso, depois do Silicon Valley Bank e do Credit Suisse.
O grupo financeiro Nomura, do Japão, avalia que “a instabilidade está alimentando a aversão ao risco de crédito globalmente e ampliando a probabilidade de recessão em muitas economias, com uma notável exceção: a China”, de acordo com a Bloomberg.
Para o Nomura, “é muito provável que a China seja um importante polo de crescimento para os mercados emergentes neste ano”.
Só nesta segunda-feira (20), os papéis da Credit Suisse desabaram cerca de 60%, após o anúncio de que a UBS, até então concorrente do banco, pagará cerca de US$ 3,2 bilhões para adquirir a empresa.
Por volta das 8h40, a Credit Suisse caia 59,95% na Bolsa de Zurique.
As ações do UBS também sofreram queda; no mesmo horário, caíam 5,32% e vendidas por 16,20 francos suíços.
Enquanto isso, o índice Stoxx 600 Banks, que reúne as cotações dos principais bancos europeus, chegou a cair 4,31% por volta das nove horas. Já o Stoxx 600 caiu 1,64% na abertura do mercado, mas se recuperou no decorrer do dia.
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Estouro da bolha
Ray Dalio, megainvestidor famoso por prever crises como a de 2008, alertou que que o colapso do Silicon Valley Bank (SVB) é um evento clássico de estouro da bolha no ciclo de dívida de curto prazo, que dura cerca de sete anos, e que estamos no final desse ciclo.
O governo americano anunciou a falência do Silicon Valley Bank (SVB) no dia 10.
O SVB teve uma grande perda de quase US$ 2 bilhões em investimentos em títulos de dívida do governo dos EUA, mas o UBS diz que não há sinais de contágio no sistema bancário.
A Federal Deposit Insurance Corp (FDIC), seguradora do banco, alertou recentemente que os bancos americanos enfrentam perdas potenciais significativas associadas a essas carteiras de títulos.
Esta é a primeira instituição segurada pela entidade a fechar as portas nos últimos 2 anos.
Os investidores também estão preocupados com a possibilidade de os clientes retirarem seus depósitos em favor de títulos de dívida de curto prazo, que estão oferecendo maior retorno. Apesar disso, o UBS acredita que a situação é gerenciável e que as regras mais rígidas de liquidez desde a crise financeira de 2008 devem ajudar a evitar uma crise generalizada.
Dias depois, foi a vez de o Credit Suisse anunciar ter identificado “fraquezas significativas” na divulgação de resultados financeiros dos últimos anos devido a controles internos ineficientes.
A instituição precisou adiar seu balanço anual na semana passada, por conta de questionamentos da Securities and Exchange Commission (SEC, na sigla em inglês) sobre fluxos de caixa de 2019 e 2020, que foram revisados no relatório anual de 2021.
O CEO do Credit Suisse, Ulrich Koerner, procurou defender a base de liquidez do banco, dizendo que ela é “muito, muito forte”, em entrevista à CAN. “Cumprimos e superamos basicamente todos os requisitos regulatórios”, completou.
*Imagem: Canva