A inflação brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA), subiu 0,39% em junho, comparado a maio, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado representa uma leve queda de 0,05 ponto percentual (p.p.) em relação ao aumento registrado de abril para maio, que foi de 0,44%.
No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação foi de 4,06%, superior aos 3,70% registrados anteriormente, em maio.
Segundo o Goldman Sachs, o resultado ficou abaixo das projeções da instituição (+0,45%) e do mercado (+0,44%).
Previsão para a Selic inalterada
Os analistas do próprio Goldman Sachs, entretanto, destacam que, mesmo abaixo do esperado, “os fundamentos da inflação do dólar americano e dos serviços exigem cautela na calibração de curto prazo da política monetária”, sugerindo que a taxa básica de juros, a Selic, deve ser mantida em 10,50% ao ano por mais tempo.
A Capital Economics seguiu na mesma linha, dizendo que o IPCA acumulado de 12 meses, até junho (+4,06%), abaixo do esperado tanto pela empresa (+4,12%) quanto pelo mercado (+4,20%) não será suficiente para alterar a ideia de que o ciclo de flexibilização da Selic no ano terminou.
Pressão da inflação nos alimentos
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete apresentaram alta em junho. O destaque foi para o grupo Alimentação e Bebidas, que registrou um aumento de 0,98%, impactando em 0,21 p.p. o índice geral.
Dentro desse grupo, a alimentação no domicílio subiu de 0,22% em maio, para 1,13% em junho, impulsionada por altas expressivas nos preços da batata inglesa (24,18%), leite longa vida (8,84%), arroz (4,20%) e tomate (6,32%). Por outro lado, itens como feijão carioca (-4,69%), cebola (-2,52%) e frutas (-2,28%) tiveram queda.
A alimentação fora do domicílio também mostrou aceleração, com alta de 0,59% em junho, ante 0,37% em maio, devido ao aumento nos preços de lanches (0,80%) e refeições (0,51%).
Aumento das contas de habitação
No grupo Habitação, a alta de 0,63% foi influenciada pelo aumento nas tarifas de água e esgoto (2,29%) em diversas cidades, como São Paulo, Brasília e Curitiba.
A energia elétrica residencial também subiu 0,79%, com reajustes tarifários em Salvador, Recife, Fortaleza e Belo Horizonte.
Desempenho regional
Todas as onze áreas pesquisadas apresentaram alta em junho. Belo Horizonte registrou a maior variação, com 0,68%, impulsionada por aumentos na batata inglesa (24,31%), leite longa vida (10,68%), energia elétrica residencial (4,11%) e gasolina (1,77%). Por outro lado, Belém teve a menor variação, de 0,16%, devido à queda nos preços das passagens aéreas (-9,40%) e carnes (-2,39%).