O dólar voltou a operar em alta na sessão desta sexta-feira (5). Após dois dias de desvalorização, a moeda norte-americana superou R$ 5,50 mais uma vez, indicando para uma perda no valor do real. Nesta manhã, a divulgação do payroll (relatório de empregos) é o principal dado a ser analisado pelos investidores.
Às 11h45, a moeda subia 0,19%, a R$ 5,50. Na máxima intradiária, o dólar alcançou os R$ 5,52 por volta das 11h.
Nesta sexta, o mercado segue de olho nos riscos fiscais no Brasil, mesmo após a sinalização do governo de um corte de gastos de até R$ 25,9 bilhões. Além disso, o último pregão da semana contará com as negociações nos mercados de Nova York, depois do feriado de Independência nos Estados Unidos.
Incertezas fiscais ligam alerta
O mercado recebeu de forma positiva o corte de gastos, e nos últimos dois dias, o dólar desvalorizou mais de 3%. No entanto, os investidores aguardam agora por novos indícios de que o governo manterá uma linha de ajustes fiscais nos próximos meses.
Outro ponto analisado é a tensão entre o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. As rusgas entre os dois ocorrem desde o início do terceiro mandato de Lula, e as declarações recentes fizeram com que a moeda subisse em disparada, até a máxima de R$ 5,70.
Segundo o economista-chefe da J.F. Trust, Eduardo Velho, o cenário de cautela permanecerá mesmo que Lula deixe de criticar a condução da política monetária do BC. “[Corte de gastos] são um band-aid, não resolvem o problema estrutural do lado fiscal e nem dissipam as dúvidas sobre quem será o próximo presidente do BC”, disse em entrevista ao Broadcast.
Desvalorização do real ante ao dólar
No primeiro semestre, o real teve uma das maiores desvalorizações do mundo. Considerando algumas das principais economias emergentes, a moeda brasileira foi a que mais se desvalorizou, com queda de 15% na comparação com o dólar.
A principal influência para a queda foram as questões domésticas, como as incertezas fiscais. Nos primeiros seis meses do ano, o real perdeu mais valor do que o peso argentino (11,8%), mesmo com o país vizinho vivendo uma crise econômica, com a inflação na casa dos 200%.
Imagem: Piqsels