Somente 29% das empresas listadas no segmento Novo Mercado da B3, a bolsa de valores brasileira, tiveram os seus dados de ESG auditados externamente. O índice é usado como medida para representar a sustentabilidade ambiental, social e de governança nas empresas.
Os dados foram revelados pela agência de classificação de riscos Bells & Bayes Rating Analytics, no seu estudo “ESG Disclosure Yearbook Brasil 2024“. Nele, a empresa analisou 191 empresas listadas na B3. O levantamento informou que cerca de 63% das organizações brasileiras publicaram relatórios de sustentabilidade em 2022.
Importância dos dados de ESG
Nos últimos anos, a pauta de ESG cresceu entre as empresas mundo afora, e os investidores passam a levar dados de sustentabilidade cada vez mais em conta na hora de alocar capital. O pensamento foi exposto por Wesley Mendes, professor e pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), e um dos principais autores do relatório.
“A falta de verificação externa pode permitir relatos imprecisos e greenwashing [divulgação falsa sobre sustentabilidade], especialmente com a obrigatoriedade de divulgação a partir de 2027″, disse ele.
A preocupação a respeito do greenwashing cresceu após a Resolução nº 59 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), lançada em novembro, que visa uniformizar os relatórios ESG de empresas e fundos no Brasil. Com isso, é esperado que a transparência aumente e as empresas adotem realmente práticas sustentáveis.
Empresas pouco diversas
Outro ponto abordado pela Bells & Bayes foi a falta de diversidade nas empresas brasileiras. Segundo o levantamento, 82% das companhias de capital aberto não possuem objetivos específicos para diversidade na alta cúpula.
Atualmente, metade das empresas sequer possuem mulheres na diretoria, e somente 27% das companhias possuem cadeiras ocupadas representadas por mulheres no conselho de administração.
Para os próximos anos, no entanto, a expectativa é de mudanças, segundo Mendes. Para ele, o panorama deve começar a mudar em dois anos. “As empresas terão que cumprir novas obrigações da B3 sobre a composição da administração, adotando critérios de diversidade na escolha de membros da alta gestão, incluindo mulheres e membros de comunidades sub-representadas, como pessoas pretas, pardas, indígenas, LGBTQIA+ ou com deficiência”, explica.