O dólar comercial fechou em queda de 0,29%, cotado a R$ 5,0460. A moeda chegou a cair mais de 2%, impactada pelo tom menos duro do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e de um discurso mais austero do Comitê de Política Monetária (Copom).
Segundo o especialista da Valor Investimentos Paulo Luives, “as falas dos presidentes dos bancos centrais têm ditado o ritmo do mercado de hoje”, referindo-se ao Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e Banco Central (BC).
Luives, porém, ressalta que a inflação de 2023 e 2024 dá sinais de desancoragem, o que dificulta a tarefa do BC no corte dos juros, e vai além: “O risco fiscal ainda é uma incerteza que paira sobre o mercado, e isso é um fator que inibe a valorização do real”, pontua.
De acordo com o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “a postura do Banco Central (BC), ontem, foi mais hawkish (dura, propensa ao aumento dos juros) do que era esperado. Com os juros altos, o câmbio cai”.
“A junção do Fed dovish com o Copom hawkish faz muita pressão no câmbio. O movimento de hoje, no câmbio, não é nenhuma surpresa”, explica Leal.
Para o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “o mercado enxergou que o aperto do Fed está chegando ao fim. Isso derrubou as taxas das curvas de juros e faz com que o dólar se aproxime dos R$ 5,00”.
Weigt entende que o comunicado do BC, ontem, tinha endereço: “A mensagem foi mais para os políticos, reafirmando a independência do Copom. Entre os emergentes, temos a maior taxa real de juros do mundo, o que favorece o carry trade”, opina.
Paulo Holland / Agência CMA
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