O Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a decisão de primeira instância para apreender e-mails de diretores e conselheiros da Americanas dos últimos 10 anos. O pedido foi feito pelo banco Bradesco, credor da empresa.
O desembargador Ricardo Negrão, relator do caso, julgou em agravo de instrumento ao qual o Monitor do Mercado teve acesso, apontando que a apreensão é necessária para garantir o não perecimento das provas – ou seja, garantir que todas as provas sejam encontradas, sem tempo para que fossem ser apagadas.
A medida pediu os e-mails dos “(ii) membros do Conselho de Administração e do Comitê de Auditoria da Americanas, dos atuais e dos que ocuparam tais cargos nos últimos 10 (dez) anos; bem como (iii) dos funcionários da área de contabilidade e de finanças da companhia, dos atuais e dos que ocuparam tais cargos pelos últimos 10 (dez) anos, sejam devidamente copiadas, para que seus backups sejam armazenados junto a esse MM. Juízo”, afirmou o agravo.
A Americanas atualmente tem uma dívida de R$ 4,8 bilhões com o Bradesco, banco com maior exposição ao escândalo.
Entenda o caso Americanas
Quem tinha R$ 1 mil reais em ações da Americanas (AMER3) no início da última quinta-feira (12), foi dormir com menos de R$ 96 no fim do dia. Os papéis perderam 76% do seu valor em apenas poucas horas de negociação.
A Bolsa bem que tentou segurar, suspendendo as negociações das ações por boa parte do dia, para acalmar os ânimos, mas a queda brutal no preço vai entrar para a história do mercado de capitais brasileiro, num mau sentido.
Tudo começou na noite desta quarta-feira (11), quando a empresa emitiu um comunicado ao mercado, afirmando que fora detectado um rombo estimado em R$ 20 bilhões em suas contas.
E R$ 20 bilhões não desapareceram da noite para o dia. A empresa afirmou serem inconsistência em lançamentos ao longo de anos. Se não bastasse a cifra bilionária, a informação levou investidores a se questionarem se não há outros “esqueletos no armário”, ou seja, erros até então não encontrados.
No mesmo documento, a Americanas anunciou a renúncia de Sergio Rial ao cargo de CEO e de André Covre à posição de CFO e Diretor de Relações com Investidores. Os executivos estavam há 9 dias no cargo.
Assim, o mercado amanheceu em polvorosa nesta quinta, com investidores prontos para vender as ações da empresa, com medo de que caiam ainda mais com possíveis novas descobertas.