Enquanto o Ibovespa derreteu nos primeiros dias do novo governo Lula, uma construtora surpreendeu o mercado, com suas ações mais do que dobrando de preço em apenas dois dias.
Os papéis da Gafisa (GFSA3) dispararam nesta segunda (2), saindo da faixa dos R$ 10 e chegando a custar R$ 16,03 no meio da tarde. De 27 de dezembro até o fim de terça, foram mais de 280% de valorização das ações.
Nesta quarta-feira (4), entretanto, os ativos começaram o dia despencando mais de 30%, devolvendo tudo o que ganharam ontem e mais um pouco.
O Conselho de Administração aprovou ontem o aumento de capital da Gafisa, em R$ 150 milhõess, mediante conversão das debêntures subscritas com ações de 3 SPCs proprietárias dos terrenos de Cabo Frio, Campo Grande e Ilha Grande. A decisão é contestada pela Esch Capital.
A principal explicação para as altas e baixas tão fortes é que não se trata de um movimento orgânico, ou seja, de compras de diversos investidores, que, de repente, passaram a enxergar novas possibilidades de ganho com a Gafisa.
A construtora está no meio de uma briga de gigantes. O bilionário Nelson Tanure, controlador da companhia, e o fundo Esh Capital estão em uma queda de braço em relação aos caminhos adotados pela empresa.
O fundo acusa a adminsitração atual de causar prejuízo à empresa e tentou, na Justiça, antecipar uma assembléia de acionistas para pressionar a administração atual. Comoe stratégia para aumentar seu poder na assembléia, o Esh tem ampliado sua participação na companhia, comprado mais ações no mercado.
Fontes ligadas à companhia, ouvidas pelo Monitor do Mercado, especulam inclusive que o próprio Tanure — que também controla empresas como Prio e Alliar — e seu grupo também estão comprando ações da Gafisa, fazendo os preços explodirem.
As compras têm impulsionado o valor das ações.
Além da briga, uma notícia positiva também tem servido à valorização dos papéis. A Gafisa anunciou na noite de quinta-feira (29 de dezembro) que vendeu sua participação no empreendimento Fasano Itaim.
A venda envolve também a operação do hotel, em negócio (enterprise value) de R$ 330 milhões, incluindo dívidas de R$ 246,6 milhões. A operação havia sido comprada por R$ 310 milhões em 2020.